Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos
Publicidade

Guiné-Bissau expulsa jornalistas da RTP e Lusa, um mês depois de assumir a presidência da CPLP

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo, posa para uma fotografia, antes do início da reunião da CEDEAO em Abuja
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo, posa para uma fotografia, antes do início da reunião da CEDEAO em Abuja Direitos de autor  Olamikan Gbemiga/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Olamikan Gbemiga/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
De Manuel Ribeiro  & AP
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notícia Comentários
Partilhe esta notícia Close Button

O governo da Guiné-Bissau decidiu encerrar as delegações da RTP, RDP e Lusa e deu ordem de expulsão de todos os jornalistas até terça-feira, 19 de agosto. Não houve, até ao momento, explicação para a medida que acontece quase um mês depois do país ter assumido a presidência da CPLP.

PUBLICIDADE

O governo guineense mandou encerrar as delegações da emissora portuguesa RTP e RDP e da agência de notícias Lusa. O fecho inclui o fim das emissões locais destes meios de comunicação social portugueses (que prestam apoio à televisão da Guiné-Bissau). Os jornalistas portugueses tiveram, igualmente, ordem de expulsão do país até terça-feira, 19 de agosto. Esta ação não teve explicação por parte do governo da Guiné-Bissau e acontece numa altura em que o país assume a presidência rotativa da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), o que poderá abrir caminho para uma crise diplomática internacional. 

O Ministério dos Negócios Estrangeiros Português repudiou a expulsão dos jornalistas portugueses bem como o encerramento das delegações, classificando a medida como “grave” e chamou de imediato o embaixador da Guiné-Bissau para pedir explicações. O encontro está previsto para este sábado.

A administração da Rádio Televisão Portuguesa também repudiou a ação do governo guineense. "O Conselho de Administração (CA) da RTP manifesta o seu mais vivo repúdio e a sua profunda indignação pela decisão das autoridades guineenses", escreveu em comunicado, citado pela agência Lusa.

A RTP considera esta decisão de "um grave atropelo à missão de informar que silencia os meios de comunicação internacionais", no país.

No comunicado, a RTP diz que enviou uma carta ao Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, a pedir esclarecimentos sobre se os jornalistas poderiam continuar a sua atividade de forma independente e em segurança no país.

A ação do governo da Guiné-Bissau surge depois de vários incidentes registados nos últimos meses “contra profissionais e o património da RTP naquele país”. 

Em julho, o jornalista-delegado da RTP, Waldir Araújo, foi agredido por um grupo de desconhecidos que o assaltaram em pleno centro da cidade de Bissau. O jornalista afirma que o ataque teve motivações políticas, uma vez que os assaltantes acusaram a RTP de estar “a denegrir a imagem do país no exterior”.

Guiné-Bissau assumiu presidência da CPLP em julho, em plena crise política

A Guiné-Bissau assumiu a presidência rotativa de dois anos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) em julho, sucedendo a São Tomé e Príncipe numa cimeira que devia reunir todos os chefes de Estado da organização, mas tal não ocorreu, por outros motivos.

A própria organização, dessa cimeira em Bissau, chegou a ser colocada em causa pelos parlamentares guineenses que apelaram à organização que não aceitasse a presidência guineense devido à instabilidade política do país, entre elas, a dissolução do parlamento. Mas a chefe da Assembleia Parlamentar da CPLP refutou essa possibilidade, defendendo que a separação de poderes devia ser respeitada e por isso, não cabia à Assembleia Parlamentar da CPLP “decidir a não realização de uma cimeira”, relata a DW África.

A CPLP integra a Angola, Brasil, Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Presidente nomeia novo primeiro-ministro e abre caminho para eleições

A poucos meses de eleições legislativas e presidenciais, previstas para 30 de novembro deste ano, a Guiné-Bissau tem passado por algumas crises políticas, sendo a mais recente, precisamente a marcação de eleições.

No início de agosto, o presidente demitiu o primeiro-ministro do país e nomeou, unilateralmente, o seu sucessor. De acordo com um decreto presidencial, Rui Duarte de Barros, que ocupava o cargo de primeiro-ministro desde dezembro de 2023, foi substituído por Braima Camara, antigo coordenador do partido da oposição, Madem G15.

Tem havido muita controvérsia sobre o mandato de Embaló antes das eleições gerais de novembro. A pequena nação da África Ocidental tem sofrido vários golpes de Estado desde que se tornou independente de Portugal há mais de 50 anos.

A Constituição da Guiné-Bissau fixa o mandato presidencial em cinco anos, com um máximo de dois mandatos. Segundo a oposição, o mandato de Embaló deveria ter terminado a 27 de fevereiro, mas o Supremo Tribunal decidiu que deveria terminar a 4 de setembro.

No entanto, no início deste ano, Embaló marcou a data das eleições para 30 de novembro e disse que o seu primeiro mandato iria decorrer até lá, aumentando ainda mais as tensões.

Nos últimos meses, a oposição tem-se recusado a reconhecer Embaló como Presidente da República. Em março, uma missão de um bloco regional da África Ocidental enviada para a Guiné-Bissau - para ajudar a resolver a crise-, partiu abruptamente após o que disse serem "ameaças de expulsão por parte do presidente", escreve a Associated Press.

Ainda sobre a expulsão dos jornalistas lusos, a Guiné-Bissau não se pronunciou oficialmente e, entretanto, o presidente Umaro Sissoco Embaló, que também preside à comunidade dos países falantes da Língua Portuguesa, cancelou a sua visita à sede da CPLP, que fica em Lisboa, sem se saber uma razão.

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhe esta notícia Comentários

Notícias relacionadas

Líder da oposição celebra vitória nas legislativas na Guiné-Bissau

Comunidade guineense em Cabo Verde sonha em ter casa própria

Embaló reúne-se com Putin e apela à paz