A pressão sobre o primeiro-ministro britânico para que atuasse aumentou após a publicação, esta semana, de mensagens antigas entre o diplomata e o predador sexual Jeffrey Epstein.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, demitiu Peter Mandelson do cargo de embaixador do Reino Unido nos Estados Unidos, na sequência da crescente pressão política relacionada com a amizade do diplomata com o pedófilo Jeffrey Epstein.
Mandelson, de 71 anos, tem sido alvo de um forte escrutínio desde segunda-feira, altura em que políticos norte-americanos publicaram uma cópia editada de um "livro de aniversário" oferecido a Epstein em 2003 pelo seu 50.º aniversário.
Nessas páginas estava uma nota manuscrita do diplomata britânico que descrevia Epstein como o seu "melhor amigo".
Mais tarde, os meios de comunicação britânicos publicaram mensagens de correio eletrónico de Mandelson para Epstein, mostrando que o deputado trabalhista apoiou o seu amigo, mesmo depois de este ter sido preso por acusações de abuso sexual de menores.
Num e-mail enviado em junho de 2008, Mandelson exortava Epstein a "lutar pela libertação antecipada".
"Tenho a maior consideração por ti e sinto-me desesperado e furioso com o que aconteceu", escreveu Mandelson.
As revelações levaram a oposição a pedir a Starmer que demitisse Mandelson, com a líder do Partido Conservador, Kemi Badenoch, a descrever a posição do embaixador como "insustentável".
Inicialmente, o primeiro-ministro britânico apoiou o veterano trabalhista, afirmando no parlamento, na tarde de quarta-feira, que o homem de 71 anos tinha "expressado repetidamente o seu profundo arrependimento" pela sua relação próxima com Epstein.
No entanto, numa nota esta quinta-feira, o ministério dos Negócios Estrangeiros britânico fez saber que Starmer tinha mudado a sua posição.
"À luz da informação adicional contida nas mensagens de correio eletrónico escritas por Peter Mandelson, o primeiro-ministro pediu ao ministro dos Negócios Estrangeiros que o retirasse do cargo de embaixador".
"Os e-mails mostram que a profundidade e a extensão da relação de Peter Mandelson com Jeffrey Epstein são materialmente diferentes das conhecidas aquando da sua nomeação", acrescentou o ministério.
O despedimento do diplomata levanta questões sobre o discernimento político de Starmer, uma vez que as relações do antigo ministro com Epstein são conhecidas desde há muito.
Mandelson afirmou que permaneceu amigo de Epstein "durante muito mais tempo do que deveria". Jeffrey Epstein foi encontrado morto na sua cela em 2019 enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual.
A saída de mandelson surge num momento difícil para o primeiro-ministro britânico, poucos dias depois de a sua adjunta Angela Rayner se ter demitido devido a um escândalo fiscal.