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Espanha junta-se a Itália e envia navio da marinha para ajudar a flotilha que vai para Gaza

Apoiantes assistem à partida de um barco que faz parte da Flotilha Global Sumud em direção a Gaza para entregar ajuda, na Tunísia, sábado, 13 de setembro de 2025.
Apoiantes assistem à partida de um barco que faz parte da Flotilha Global Sumud em direção a Gaza para entregar ajuda, na Tunísia, sábado, 13 de setembro de 2025. Direitos de autor  Anis Mili/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Anis Mili/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
De Rafael Salido & Rita Afonso
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O governo espanhol junta-se à Itália no envio de meios navais para garantir a segurança dos ativistas europeus que se dirigem a Gaza. Sánchez exige o respeito pelo direito internacional, enquanto Israel insiste em manter o seu bloqueio marítimo à Faixa de Gaza.

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Espanha vai juntar-se ao destacamento internacional para garantir a segurança da Global Flotilla Sumud, que está a navegar para Gaza com ajuda humanitária. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, confirmou a partir de Nova Iorque, onde participou na Assembleia Geral das Nações Unidas, o envio imediato de um navio da marinha de Cartagena para a costa de Israel.

O objetivo, disse, é oferecer proteção aos ativistas e cidadãos europeus a bordo da flotilha, entre os quais vários espanhóis, e, se necessário, intervir nas tarefas de salvamento. "Espanha exige que o direito internacional seja cumprido e que o direito dos nossos cidadãos a navegar em segurança seja respeitado", disse Sánchez, alertando contra "dois pesos e duas medidas" na aplicação das normas internacionais.

A decisão surge um dia depois de a Itália ter anunciado o envio de uma fragata para prestar assistência aos navios depois de estes terem sido atacados. Segundo a organização, vários navios sofreram explosões e lançamento de objetos não identificados, bem como o bloqueio das comunicações.

Itália envia fragata

O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, anunciou na quarta-feira o envio de uma fragata da marinha que já está a operar na zona para prestar apoio e, se necessário, socorro aos navios da flotilha. "Perante o ataque perpetrado nas últimas horas contra os navios da flotilha Sumud, que inclui também cidadãos italianos, e perpetrado com drones por autores ainda não identificados, não podemos deixar de expressar a nossa mais forte condenação", afirmou Crosetto em comunicado.

A primeira-ministra do país, Giorgia Meloni, também condenou o ataque noturno à frota, mas considerou a iniciativa de ajuda “perigosa e irresponsável”. Meloni propôs um plano para entregar a ajuda ao Patriarcado Latino de Jerusalém em Chipre, que ficaria então encarregado de distribuir a ajuda. O grupo ainda não respondeu à proposta.

O ministro dos Negócios Estrangeiros , José Manuel Albares, considerou os ataques "inaceitáveis" e reiterou que os participantes na iniciativa têm a total proteção diplomática e consular do Estado. "Não representam uma ameaça para ninguém, estão a viajar com objectivos estritamente humanitários", afirmou.

Israel, por seu lado, insistiu que não permitirá que a flotilha entre em águas sob bloqueio militar, propondo que a ajuda seja desembarcada em portos alternativos na região para ser transferida para Gaza.

Sánchez aproveitou o seu discurso na ONU para reiterar o compromisso da Espanha com o reconhecimento do Estado palestiniano e com uma solução política baseada na coexistência de dois Estados e no fim da violência na faixa.

Governo português com "reação tímida", diz Mariana Mortágua

A coordenadora nacional do BE, Mariana Mortágua, que integra a flotilha que visa levar ajuda humanitária até à Faixa de Gaza, apelou a uma mobilização social em Portugal para pressionar o Governo a proteger esta missão.

"A vossa mobilização e capacidade de pressionar o governo português, que tem sido dos governos com as reações mais tímidas, mais vergonhosas até em relação à flotilha e à sua proteção, a vossa pressão é essencial para garantir a segurança desta flotilha, um corredor humanitário, e para contribuir para acabar com o genocídio", apelou Mariana Mortágua, num vídeo divulgado na sua conta oficial de Instagram.

Também Catarina Martins, candidata à presidência da República, defende que Portugal deve seguir o exemplo de Itália e de Espanha e proteger a Flotilha Humanitária. Numa publicação na rede social X, escreveu que "Portugal tem a mesma obrigação" e lembra que há um barco com bandeira portuguesa e cidadãos nacionais a bordo.

Acrescenta que o governo português tem de agir no quadro do direito internacional e humanitário.

Bloqueio de Israel

"Se o desejo genuíno dos participantes da flotilha é entregar ajuda humanitária em vez de servir o Hamas, Israel apela aos navios para atracarem na Marina de Ashkelon e descarregarem a ajuda lá, de onde será transferida prontamente de forma coordenada para a Faixa de Gaza", escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel no X na segunda-feira.

O brasileiro Thiago Ávila, um dos ativistas da flotilha, sublinhou que o grupo não vai abandonar a sua missão.

"A Flotilha Global Sumud é uma missão pacífica, não-violenta e humanitária, que está a cumprir o direito internacional, que diz na decisão provisória do TIJ (Tribunal Internacional de Justiça) que nenhum país pode impedir a ajuda humanitária de chegar a Gaza", disse Ávila numa declaração em vídeo no Instagram.

Pessoas lotam a doca antes do lançamento da flotilha com destino a Gaza, com o objetivo de quebrar o bloqueio de Israel e entregar ajuda humanitária em Barcelona, Espanha, 31 de agosto de 2025.
Pessoas lotam a doca antes do lançamento da flotilha com destino a Gaza, com o objetivo de quebrar o bloqueio de Israel e entregar ajuda humanitária em Barcelona, Espanha, 31 de agosto de 2025. Emilio Morenatti/Copyright 2025 The AP. All rights reserved.

A flotilha é uma frota civil de mais de 50 pequenas embarcações de 44 países, com o objetivo de quebrar um bloqueio israelita de 18 anos à Faixa de Gaza, muito anterior à atual guerra de Israel em Gaza, que começou em outubro de 2023 na sequência de um ataque de militantes liderados pelo Hamas ao sul de Israel. Israel afirma que o bloqueio é necessário para impedir o Hamas de importar armas, enquanto os críticos lhe chamam castigo coletivo.

Desde que a flotilha de ajuda humanitária zarpou de Espanha no início de setembro, os ativistas têm relatado vários ataques, incluindo a vários barcos em águas gregas na terça-feira e a dois navios principais em águas tunisinas no início deste mês.

Embora não existam provas concretas, os ativistas acusam Israel de estar por detrás dos ataques.

Em julho, a flotilha da Liberdade, que não estava armada, foi abordada por forças israelitas em águas internacionais, quando se encontrava a transportar mantimentos para a Faixa de Gaza.

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