O primeiro-ministro israelita exibiu um mapa que mostrava aquilo a que chamou de "a maldição do eixo terrorista do Irão", afirmando que grande parte dos representantes de Teerão tinham sido dizimados pelas forças armadas israelitas.
Em Nova Iorgue, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, dirigiu-se diretamente aos reféns detidos pelo Hamas em Gaza, dizendo: "Não vos esquecemos".
"Não descansaremos enquanto não vos trouxermos a todos para casa", afirmou Netanyahu em hebraico e inglês, dizendo ao Hamas que "deponha as armas" e liberte já os reféns.
"Israel vai perseguir-vos", avisou Netanyahu na Assembleia Geral das Nações Unidas.
O gabinete do primeiro-ministro anunciou na sexta-feira que os altifalantes do lado israelita da fronteira iriam transmitir o discurso de Netanyahu para Gaza, como parte do que chama um "esforço informativo".
O conflito começou quando militantes liderados pelo Hamas atacaram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1200 pessoas, a maioria civis, no que Netanyahu classificou como um ato de "selvageria indescritível".
O Hamas fez 251 pessoas reféns e mantém atualmente 48, das quais 20 Israel acredita que ainda estão vivas.
"Israel está a travar a vossa luta", afirmou Netanyahu, citando o que chamou de ascensão do islamismo radical em países de todo o mundo.
O primeiro-ministro apresentou também um mapa que mostrava aquilo a que chamou "a maldição do eixo terrorista do Irão", afirmando que muitos dos representantes de Teerão tinham sido dizimados pelas forças armadas israelitas, citando como exemplos o Hamas, o Hezbollah no Líbano e os Houthis no Iémen.
"Os nossos inimigos odeiam-nos a todos", disse Netanyahu, negando que esteja a ocorrer um genocídio em Gaza, afirmando que Israel deixou entrar 2 milhões de toneladas de ajuda na Faixa de Gaza.
Netanyahu entrou no hemiciclo sob aplausos e vivas, vindas principalmente da comitiva israelita, o que levou a repetidos pedidos de ordem. Mas dezenas de pessoas saíram da sala enquanto ele se dirigia para o pódio.
Anexação da Cisjordânia fica de fora do discurso
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na quinta-feira que não permitirá que Israel anexe a Cisjordânia ocupada, dando fortes garantias de que bloqueará uma ação à qual os líderes árabes da região se têm oposto firmemente.
Questionado sobre o facto de as autoridades israelitas terem sugerido, nas últimas semanas, que o seu governo poderia tomar o controlo de, pelo menos, algumas partes da Cisjordânia, Trump foi direto.
"Não permitirei que Israel anexe a Cisjordânia", disse ele aos repórteres no Salão Oval, enquanto assinava ordens executivas não relacionadas à política externa. "Não o permitirei. Isso não vai acontecer".
A possibilidade de anexação foi aventada em Israel em resposta a uma série de países, incluindo os principais aliados dos EUA, como o Reino Unido e o Canadá, que reconhecem um Estado palestiniano.
França, Luxemburgo, Malta, Mónaco, Andorra e Bélgica também reconheceram o Estado palestiniano na Assembleia Geral deste ano.
Trump disse ter falado com Netanyahu e que será firme em não permitir a anexação, acrescentando: "Já foi o suficiente. É altura de parar agora".
Trump tem sido um firme apoiante de Israel, mas também tem procurado mediar o fim dos combates contra o Hamas em Gaza.
Os seus comentários na quinta-feira constituíram um raro exemplo de potencial resistência contra altos funcionários israelitas.
No início deste mês, Netanyahu assinou um acordo para avançar com um controverso plano de expansão de colonatos que irá atravessar terrenos que os palestinianos esperam que constituam a base de um futuro Estado.
"Não haverá um Estado palestiniano", afirmou Netanyahu durante uma visita ao colonato de Maale Adumim, na Cisjordânia.
"Este lugar pertence-nos... Vamos salvaguardar o nosso património, a nossa terra e a nossa segurança. Vamos duplicar a população da cidade".
O Comité Superior de Planeamento de Israel deu a aprovação final ao projeto de colonização E1 na Cisjordânia ocupada em agosto.
O plano, num terreno aberto a leste de Jerusalém, esteve em estudo durante mais de duas décadas, mas foi congelado devido à pressão dos EUA durante as administrações anteriores.
O momento é igualmente preocupante, uma vez que Israel está a levar a cabo uma ofensiva militar de grande envergadura numa tentativa de tomar a cidade de Gaza, ao mesmo tempo que expande os colonatos na Cisjordânia, ilegais à luz do direito internacional.
Israel conquistou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Os palestinianos querem que os três territórios constituam o seu futuro Estado.
Os palestinianos, e grande parte da comunidade internacional, afirmam que a anexação acabaria com qualquer possibilidade de uma solução de dois Estados, que é vista internacionalmente como a única forma de resolver décadas de conflito israelo-árabe.
Netanyahu deverá visitar a Casa Branca na segunda-feira, a sua quarta viagem a Washington desde o início do segundo mandato de Trump, em janeiro.