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Prisioneiros libertados sobre a permanência na Bielorrússia: "Acordei e descobri que tinha uma costela partida"

Conferência de imprensa com a participação de prisioneiros libertados, Chernihiv, 14.12.2025
Conferência de imprensa com a participação de prisioneiros libertados, Chernihiv, 14.12.2025 Direitos de autor  fot.EBU
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De Katarzyna Kubacka com EBU
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A 13 de dezembro, o regime de Lukashenko perdoou 123 presos políticos, incluindo um cidadão polaco. Entre os libertados não se encontra o principal opositor, o jornalista polaco-bielorrusso Andrzej Poczobut. Hoje, os presos libertados compareceram perante a imprensa, contando o que viveram.

Os prisioneiros foram libertados por Alexander Lukashenko em troca do levantamento das sanções dos EUA sobre o potássio. No sábado, foram devolvidos a vários países: entre outros, à Ucrânia, à Lituânia, mas também à Polónia.

Regressou ao país, nomeadamente, Roman Gałuza, um polaco nascido na Bielorrússia, que trabalhava na Fundação Solidariedade com a Bielorrússia em Biała Podlaska. Hoje, os prisioneiros libertados falaram à imprensa em Chernihiv, na Ucrânia, agradecendo à Ucrânia por facilitar a sua transferência e contando o que viveram na colónia penal bielorrussa.

Entre os libertados não está Andrzej Poczobut, um dos mais famosos opositores, cuja libertação a Polónia tem vindo a tentar há vários anos. Como informou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maciej Wiewiór, através das redes sociais: "Juntamente com os nossos parceiros, estamos a trabalhar consistentemente para a libertação de Andrzej Poczobut." Até ao momento, porém, não se sabe se, e quando, o opositor será libertado.

Viktor Babaryko: "Acordei e descobri que tinha uma costela partida"

Os prisioneiros libertados por Lukashenko são ativistas políticos e dissidentes, entre os quais o laureado com o Prémio Nobel da Paz Alaś Bialacki, a opositora Maryja Kalesnikawa e Viktor Babaryko, antigo candidato à presidência da Bielorrússia. Em conversa com jornalistas, eles agradeceram à Ucrânia pela transferência eficiente e descreveram a emoção com que receberam os seus entes queridos após vários anos sem contacto.

O analista político Aleksander Feduta indicou que os detidos, embora se conhecessem anteriormente, estavam em colónias penais diferentes e só puderam conversar entre si durante a viagem de regresso à Ucrânia, de autocarro, tendo destacado a receção calorosa que tiveram nesse país.

"Se me perguntarem o que senti, tive vergonha do meu país, porque num país onde acontecem tais situações, somos recebidos calorosamente e cordialmente."

No entanto, o que mais causou impacto foram as condições descritas pelos prisioneiros libertados.

"Em 2023, devido às condições da minha detenção, comecei a sofrer de perdas de consciência incontroláveis", contou Viktor Babaryko. "Durante um desses episódios, acordei e descobri que tinha uma costela partida, um pulmão perfurado, pneumonia bilateral e 23 fraturas no crânio."

Andrzej Poczobut continua na prisão

Após a libertação dos prisioneiros, acalorou-se o debate sobre o motivo pelo qual Andrzej Poczobut, jornalista polaco-bielorrusso e ativista da minoria polaca na Bielorrússia, não estava entre eles.

Segundo o jornal "Dziennik Gazeta Prawna", que citava as fontes próprias, até ao último momento parecia que Poczobut estaria entre os libertados. No entanto, isso não aconteceu. Esse facto deu origem a especulações na comunicação social, tendo surgido informações de que ele teria recusado o perdão. A informação foi confirmada numa entrevista à agência noticiosa PAP por Julia Juchno, representante da embaixada da oposição da Bielorrússia em Itália, que afirmou: "Ele recusou o perdão. Não quis apresentar um pedido a Lukashenko". Uma notícia que foi também divulgada, entre outros, pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos Viasna.

No entanto, segundo o canal televisivo Biełsat, não se sabe se a sua recusa influenciou o facto de ele não ter sido incluído na lista de prisioneiros, uma vez que alguns opositores libertados, incluindo Aleś Bialacki, também se recusaram a assinar tal pedido.

Fontes do "Dziennik Gazeta Prawna" afirmam, no entanto, que Andrzej Poczobut tem problemas de saúde e há muito tempo concordou em deixar a Bielorrússia. A decisão de mantê-lo na colónia penal teria sido tomada pelo próprio Lukashenko, que considera Poczobut um "canalha excecional" e o trata como moeda de troca nas relações com a Polónia.

Poczobut trabalhava como correspondente da imprensa polaca, nomeadamente do jornal "Gazeta Wyborcza". Em 2023, um tribunal bielorrusso condenou-o a oito anos de prisão numa colónia penal onde vigora um regime rigoroso, sob a acusação de "incitar ao ódio" e "apelar a ações prejudiciais contra a Bielorrússia". A Polónia e organizações internacionais consideram-no um prisioneiro político, e o seu caso tornou-se um dos principais pontos de discórdia nas relações entre Varsóvia e Minsk.

Assembleia Parlamentar da OSCE: "Uma decisão pela qual esperávamos há muito tempo"

A libertação de 123 prisioneiros por Alexander Lukashenko suscitou comentários da comunidade internacional, incluindo do presidente da Assembleia Parlamentar da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), Pere Joan Pons, que acolheu com satisfação esta medida, descrevendo-a como "um importante passo humanitário".

"A libertação dos presos políticos é uma decisão pela qual esperávamos há muito tempo e que acolhemos com grande alegria", afirmou. "Traz alívio às pessoas afetadas e às suas famílias, além de responder aos apelos contínuos da Assembleia Parlamentar da OSCE, e da comunidade internacional em geral, para que se ponha fim à perseguição de pessoas pelo exercício dos seus direitos e liberdades fundamentais."

Os observadores internacionais afirmam que as conversações entre os EUA e a Bielorrússia têm como objetivo introduzir um novo interveniente na questão ucraniana, e que a libertação dos prisioneiros pelo regime bielorrusso visa melhorar a sua imagem aos olhos da opinião pública internacional. O próprio Lukashenko sugeriu várias vezes que as conversações sobre um cessar-fogo poderiam ser retomadas na Bielorrússia, com a participação de representantes dos EUA, da Rússia e da Ucrânia.

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