Grupo IAG, que detém a British Airways e a Iberia, encomendou 200 aparelhos do embargado modelo 737 MAX e a fabricante europeia não gostou
A Boeing surpreendeu o mercado da aviação esta semana ao receber, no AirShow de Paris, uma grande e inesperada encomenda pelo grupo hispano-britânico IAG.
O dono da British Airways e da Iberia vai pagar 24 mil milhões de dólares (21,4 mil milhões de euros) por 200 aparelhos do polémico modelo 737-MAX.
O avião está impedido de voar após dois trágicos acidentes ocorridos há menos de um ano, que provocaram no total mais de 340 mortos. O último foi em Março, o aparelho pertencia à Ethiopian Airlines e as causas foram associadas a uma avaria dos sensores automáticos de voo.
A europeia Airbus -- também fornecedora do IAG para voos de médio curso -- já reagiu ao negócio e apelou ao grupo britânico para lhe permitir apresentar uma proposta concorrente à da Boeing para esta encomenda milionária.
Da parte da fabricante americana, esta foi a melhor notícia que podia ter recebido na feira da aviação de Paris
"Tem sido um período muito difícil para nós, na Boeing. Fomos devastados pelos dois acidentes e a perda de vidas. As nossas equipas têm vindo a refletir diariamente nisto. Chegar a esta feira e receber uma manifestação de apoio tão forte dos nossos clientes, e de muitos parceiros na indústria, tem sido muito tocante e deixa-nos reconhecidos", admitiu Ihssane Mounir, vice-presidente da Boeing para as Vendas Comerciais e Marketing.
A viver um ano de pesadelo, ensombrado pelos acidentes e o embargo de voo dos 737 MAX em quase todo o mundo, a Boeing já tinha aberto esta feira de Paris com a má notícia do atraso no fornecimento de motores para o novo 777-X, o maior bimotor do mundo.
A encomenda do IAG reavivou a empresa e provocou a frustração da maior rival, a Airbus.
Poderá ser também mais uma jogada comercial entre a Administração Trump e o governo britânico a poucos meses do prazo de concretização do "brexit": 31 de outubro.