Mulheres ucranianas na Polónia: o desafio de encontrar creches e trabalho

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De  Fanny Gauret
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O acesso a infantários é um passo crucial para a integração das mulheres refugiadas ucranianas nos países de acolhimento.

Dois anos após a invasão da Ucrânia pela Rússia, vamos ver como é que milhões de ucranianos estão a adaptar-se aos países de acolhimento.

O acesso a infantários é um passo crucial para a integração das mulheres refugiadas ucranianas nos países de acolhimento. 

Aprender uma nova língua, procurar um emprego ou obter o reconhecimento de um diploma exige tempo e dinheiro. 

A euronews esteve na Polónia para conhecer mulheres ucranianas que fugiram da guerra com os filhos e conhecer as medidas que o país adotou em matéria de acolhimento.

Visitámos uma das 37 creches geridas pela Fundação Comenius. Desde a primavera de 2022, a instituição ajuda as famílias ucranianas que encontraram refúgio na Polónia.

A fundação implementou um sistema de creches que responde às necessidades específicas das famílias e crianças ucranianas entre 0 aos 5 anos.

Tempo livre para trabalhar e aprender polaco

"Quando chegámos aqui, o meu filho mal falava por causa do stress. Vejo mudanças no meu filho mais novo, porque começou a falar pela primeira vez, aqui, começou a comunicar com outras crianças. Ele corre para vir para aqui todos os dias. Ele fez amigos aqui. Podemos dizer que ele é feliz", contou Maria Odinets, uma refugiada ucraniana cuja casa foi destruída na Ucrânia.

Psicóloga infantil, Maria Odinets espera conseguir financiamento para obter o reconhecimento do seu diploma. Um processo dispendioso e que requer tempo.

"É uma grande ajuda porque tenho tempo livre das 9h às 15 h. Durante esse tempo, posso estudar polaco ou procurar um emprego, e também ajudar os meus filhos mais velhos e ir buscá-los à escola", afirmou Maria Odinets.

Crianças refugiadas precisam de apoio específico

As creches da fundação Comenius oferecem às mulheres refugiadas tempo livre, um espaço educativo e apoio psicológico.

"Uma percentagem muito grande das nossas crianças tem traumas, por isso, a nossa atenção teve de se concentrar fortemente em ajudar as crianças que não conseguiam e não conseguirão lidar com os infantários e as creches normais", explicou Monika Woźniak, diretora-geral da Fundação Comenius para o Desenvolvimento Infantil.

A responsável espera abrir outras creches e registá-las no sistema de ensino oficial.

"Esperamos ter programas de financiamento europeu que ajudem a integrar as crianças ucranianas no sistema de educação infantil polaco. Estamos a falar de crianças que, se tiverem uma boa base, começarão finalmente a viver bem", disse Monika Woźniak.

Recomeçar do zero

As creches da fundação deverão continuar a ser financiadas principalmente pela UNICEF, pelo governo polaco e por fundos europeus. Os educadores que trabalham no projeto são também refugiados ucranianos e receberam formação.

É o caso de Yuliana Rudenko que vive há dois anos na Polónia com os dois filhos, num quarto de hotel nos subúrbios de Varsóvia.  Antes da guerra, trabalhava como decoradora. Teve de começar tudo do zero.

"Foi muito difícil, muito difícil. Tudo o que me ofereciam eram turnos muito cedo, às 5 da manhã, ou tinha de trabalhar até às 22 horas. Não podia ir buscar os miúdos, por isso não podia trabalhar" contou Yuliana Rudenko.

Dois terços dos refugiados ucranianos encontraram emprego na Polónia

Hoje, graças ao seu trabalho como educadora, Yuliana Rudenko sente-se útil e sente-se melhor.

"Gosto muito do meu trabalho, se não fosse este trabalho, não sei o que teria feito, talvez limpezas, ou outra coisa qualquer. Mas esta creche ajudou-me muito na adaptação. Decidi ficar aqui, na Polónia, porque o meu filho mais velho vai agora para a escola, para o primeiro ano. O mais importante é poder trabalhar", afirmou Yuliana Rudenko.

De acordo com os dados do governo polaco, cerca de dois terços dos refugiados ucranianos encontraram emprego no país.

A euronews falou com Ewa Flaszynska, diretora do Departamento do Mercado de Trabalho do Ministério da Família, do Trabalho e da Política Social para conhecer as medidas estão a ser tomadas para apoiar as mulheres com filhos pequenos.

"Nos últimos dois anos, o número de lugares nos infantários aumentou consideravelmente. Também preparámos e adoptámos uma lei na Polónia que permite, por exemplo, que uma mãe ucraniana tome conta de várias crianças num determinado dia, de modo a que outras mães possam ir trabalhar", explicou Ewa Flaszynska.

O apoio do Fundo Social Europeu Plus

"Estamos a preparar uma lei sistémica e abrangente que irá regular o trabalho, a residência e outros aspetos da vida das pessoas da Ucrânia na Polónia. E temos planos para alargar as vagas nos infantários, com orçamento nacional e do Fundo Europeu Plus. Foi criado um Departamento de Integração Social, que irá colocar a tónica não só na integração profissional, mas também na integração social em sentido lato", resumiu a responsável.

O Fundo Social Europeu Plus atribuiu 8,9 mil milhões de euros para combater a pobreza infantil. Um montante que pode ser utilizado para financiar creches para crianças refugiadas e também para aumentar a capacidade de acolhimento das creches polacas.

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