No segundo trimestre, o preço das casas aumentou 17,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Neste período foram transacionadas 42.889 habitações, totalizando um valor de 10,3 mil milhões de euros.
O ritmo de subida dos preços da habitação em Portugal voltou a acelerar no segundo trimestre deste ano, alcançando um novo recorde. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatítica (INE), o preço das casas aumentou 17,2% entre abril e junho deste ano face ao mesmo período de 2024.**
Quando comparada aos primeiros três meses do ano, a subida é de 4,7%. No primeiro trimestre, os preços das casas estavam já a crescer 16,3% face a igual período do ano passado.
A nova aceleração de preços ocorre numa altura em que se encontram em vigor várias medidas de apoio a compra de primeira habitação destinadas a quem tem até 35 anos, incluindo a medida de garantia pública para facilitar o acesso a crédito bancário, além de medidas fiscais como a isenção de IMT.
O momento é também de estabilização dos juros de referência do Banco Central Europeu após cortes cumulativos de dois pontos percentuais nas taxas da autoridade monetária que guiam a evolução das taxas Euribor, e às quais é indexada a maioria dos contratos de crédito da habitação.
Os dados do INE revelam ainda que a procura continuou a crescer de forma acentuada no segundo trimestre. Entre abril e junho foram vendidas 42.889 habitações, representando mais 15,5% do que em igual período de há um ano. No primeiro trimestre, as transações estavam a subir 25%.
Além disso, o mercado nacional ganhou maior peso e as compras por estrangeiros continuaram a recuar. Do total de casas vendidas, os compradores com domícilio fiscal no país adquiriram 40.782, com o crescimento da procura nacional a fixar-se nos 17,7% face ao mesmo trimestre de 2024.
Já os compradores com domicílio fiscal fora do país adquiriram 2.107 casas, numa redução de 14,5% face a igual período do ano passado. No primeiro trimestre, a procura por estrangeiros crescia ainda, em 1,5%. É o quarto trimestre consecutivo em que se observa um decréscimo das aquisições de habitação por compradores com domicílio fiscal fora do território nacional.
Os investidores da União Europeia (UE) adquiriram 1112 habitações, uma quebra homóloga de 10,5%. Já os estrangeiros com domicílio fiscal em outros países que não a UE foram responsáveis por 995 transações, uma redução de 18,6%.
As transações fechadas no segundo trimestre de 2025 totalizaram 10,3 mil milhões de euros, um crescimento de 30,4% por comparação com o mesmo período de 2024. Segundo o INE, observou-se uma taxa de variação homóloga de 33,6% no valor das transações das casas usadas, atingindo os 7,6 mil milhões de euros, e um crescimento de 22% no valor das habitações novas, para 2,6 mil milhões de euros.
Portugal liderava subida de preços da habitação na Europa no primeiro trimestre
Portugal já tinha registado no primeiro trimestre o maior aumento dos preços das casas em toda a União Europeia, com uma escalada homóloga de 16,3%, quase o triplo do crescimento médio dos preços na Zona Euro (5,4%), segundo dados do Eurostat.
Também as rendas das casas dispararam 5,95% no mesmo período, colocando Portugal no quarto lugar europeu em termos de aumentos, apenas atrás da Eslováquia, Estónia e Letónia. Este ritmo de crescimento das rendas foi mais do dobro da média da Zona Euro (2,92%) e superior à média da União Europeia (3,16%).
Entre 2010 e o primeiro trimestre deste ano, por exemplo, os preços das casas aumentaram a um ritmo anual médio de 6,02%, mais do dobro que o aumento anual médio de 2,77% das rendas, segundo dados do Eurostat. Na Zona Euro, neste mesmo período, os preços das casas subiram a um ritmo médio de 2,84% e as rendas 1,62%.
Porém, a pressão sobre os preços dos imóveis e das rendas é ainda mais preocupante quando analisados os últimos 10 anos. O preço das casas em Portugal aumentou, em média, 10,27% ao ano entre 2015 e o primeiro trimestre deste ano, cerca de 2,3 vezes mais que o aumento de 4,51% registado entre os 20 países da área do euro. Entre os países da Zona Euro, apenas a Lituânia bateu (ligeiramente) Portugal, com os preços das casas a subirem, em média, 10,3% por ano.
A mesma tendência de subida verificou-se no mercado de arrendamento, com as rendas em Portugal a crescerem a um ritmo médio anual de 3,2% na última década, quase o dobro do aumento de 1,76% registado na Zona Euro.
Preços das casas e rendas na Europa
Portugal não é o único país em que o preço das casas aumentou significativamente nos últimos 15 anos. Números divulgados pelo Eurostat mostram que entre 2010 e o primeiro trimestre de 2025, os preços das casas na UE aumentaram 57,9% e as rendas 27,8%.
Embora as rendas tenham aumentado de forma constante, os preços das casas seguiram um padrão mais variável, mostrando um aumento extraordinário entre o primeiro trimestre de 2015 e o terceiro trimestre de 2022, seguido de uma pequena queda e estabilização, antes de aumentar novamente desde 2024.
Ao comparar o primeiro trimestre de 2025 com 2010, os preços das casas aumentaram mais do que as rendas em 21 dos 26 países da UE para os quais existem dados disponíveis.
Durante o mesmo período, os preços das casas mais do que triplicaram na Hungria (+260%) e na Estónia (+238%) e dobraram ou mais do que duplicaram em 9 países da UE: Lituânia (+194%), Letónia (+154%), República Checa (+147%), Portugal (+130%), Bulgária (+125%), Áustria (+113%), Luxemburgo e Polónia (ambos +102%) e Eslováquia (+100%). A Itália foi o único país onde os preços das casas diminuíram (-4%).
Durante o mesmo período, as rendas aumentaram em 26 países da UE, com os maiores aumentos registados na Estónia (+220%), Lituânia (+184%), Hungria (+124%) e Irlanda (+115%). A Grécia foi o único país onde os preços dos arrendamentos diminuíram (-11%).