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Vendas de casas na Europa: que mercados estão a crescer e quais estão a abrandar?

Foto de arquivo - Uma rua colorida no centro de Dingle, Península de Dingle, Irlanda.
Foto de arquivo - Uma rua colorida no centro de Dingle, Península de Dingle, Irlanda. Direitos de autor  Canva
Direitos de autor Canva
De Servet Yanatma
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A Euronews Business analisa mais de perto as tendências do mercado imobiliário europeu, com foco nas vendas de imóveis e nos fatores que as impulsionam.

As vendas de imóveis na Irlanda caíram a pique no segundo trimestre do ano em comparação com o mesmo período de 2024, de acordo com dados do Eurostat.

Foi um dos quatro países da UE a registar uma queda nas vendas de casas em relação ao ano anterior, enquanto as vendas globais de imóveis na UE registaram um crescimento saudável de 10%.

O número de casas, incluindo novas construções, vendidas na Irlanda diminuiu 10%, enquanto as vendas também caíram 6,2% em Malta, 5,7% na Hungria e 5,6% na Finlândia.

Kate Everett-Allen, diretora de análise residencial europeia da Knight Frank, afirmou: "A queda de 10% na Irlanda continua a refletir a acessibilidade limitada e os níveis persistentemente baixos de oferta.”

Entre os países da UE que registaram um aumento nas vendas, o crescimento anual variou entre 2,2% na Dinamarca e 86,6% no Luxemburgo, que tem um mercado imobiliário muito pequeno, no qual as taxas de vendas podem ser significativamente afetadas por pequenas mudanças.

O mercado imobiliário também esteve em alta na Eslovénia e na Lituânia, com um aumento de 34,8% e 24,4%, respetivamente, enquanto a Bélgica, Portugal e os Países Baixos também registraram aumentos significativos.

Everett-Allen afirmou que a grande variação nos números reflete as diferentes reações à flexibilização monetária na região.

"Embora o Banco Central Europeu (BCE) tenha efetuado oito cortes nas taxas durante o atual ciclo, os efeitos estão a ser desiguais devido às diferenças nas condições de financiamento, nos níveis de oferta e na procura subjacente", explicou.

Os governos intervêm para apoiar os compradores de primeira habitação

Michael Polzler, diretor-executivo da rede imobiliária RE/MAX Europe, salientou que os fatores específicos de cada país continuam a impulsionar diferenças no desempenho, com iniciativas governamentais para apoiar os compradores de primeira habitação e estimular a atividade na faixa mais acessível do mercado em alguns Estados-membros.

"Em Portugal, por exemplo, o apoio governamental tem gerado tanto oportunidades como desafios", afirmou.

Polzer acrescentou: "O programa de Garantia Pública ajudou muitos jovens com menos de 35 anos a aceder ao crédito hipotecário pela primeira vez, mas, ao mesmo tempo, os vendedores viram uma oportunidade para aumentar os preços."

Em França, as vendas de casas aumentaram 10,4%, enquanto Espanha registou um aumento menor, de 2,5%. Não existiam ainda dados disponíveis sobre a Alemanha e a Itália.

De acordo com Everett-Allen, o crescimento moderado de 2,5% das transações imobiliárias em Espanha sugere uma normalização após o surto pós-pandémico, com uma oferta limitada, em especial nas regiões costeiras e insulares, a condicionar os volumes de transações. O aumento de 10,4% em França indica uma recuperação gradual após um período moderado em 2023-24, embora persistam variações regionais e a perspetiva de futuras alterações fiscais possa influenciar a trajetória do mercado.

Na Noruega, país que não pertence à UE, as vendas de casas aumentaram 10% durante este período. Os dados mais recentes da Polónia, do último trimestre de 2024, mostram um declínio anual de 17,9%.

Michael Polzler observou que o regime de hipotecas com taxa fixa de 2% do governo polaco, que tinha alimentado uma forte procura, chegou ao fim devido a restrições orçamentais.

"Sem que tenha sido anunciado um substituto e com as taxas de juro ainda relativamente elevadas, muitos compradores estão a aguardar para ver como o mercado evolui até 2026", afirmou.

França lidera em números: 250 mil vendas

O mercado imobiliário varia muito na UE, uma vez que as populações diferem significativamente de um país para outro. No segundo trimestre de 2025, França registou quase um quarto de milhão de vendas de casas (244.750).

Os Países Baixos ocupam o segundo lugar entre os 12 países da UE e a Noruega, onde existem dados do Eurostat disponíveis. No entanto, o número de casas vendidas nos Países Baixos — 63.709 — continua a ser consideravelmente inferior ao de França.

Portugal, Bélgica, Noruega e Hungria também registaram entre 32.000 e 38.000 vendasde casas durante este trimestre.

O que está a acontecer no Reino Unido e na Alemanha?

Embora a Alemanha e o Reino Unido não estejam incluídos nos números do Eurostat, Polzer observou que as taxas fixas de hipotecas diminuíram na Grã-Bretanha desde finais de 2024, melhorando a acessibilidade e permitindo que os compradores contraiam mais empréstimos. Juntamente com as alterações introduzidas em abril no imposto de selo, este facto contribuiu para aumentar o volume de transações.

Entretanto, a Alemanha continua a enfrentar pressão no seu mercado imobiliário devido ao número persistentemente baixo de licenças de construção residencial, uma tendência que mina a confiança a longo prazo.

"Este efeito é particularmente visível nas cidades onde a habitação já é escassa, com a oferta restrita a fazer subir ainda mais os preços", afirmou Polzer.

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