A classe média indiana é cada vez mais numerosa, os rendimentos aumentam e aumenta também o interesse pela arte contemporânea.
É a minha primeira vez nesta feira e fiquei impressionada com a gentileza das pessoas. Já vendi muitos pavões e creio que não vou ficar por aqui, quero regressar.
Dezenas de galerias participaram na sétima edição da Feira de Arte de Nova Deli.
A feira fechou portas 1 de fevereiro. A organização calcula que o evento tenha recebido 80 mil pessoas. Apesar de uma queda de vinte por cento no número de visitantes, as vendas aumentaram 25%.
A instalação de Nandita Kumar foi um dos destaques da feira.
A artista indiana concebeu uma máquina que processa cartas de amor.
“Pedi a pessoas do mundo inteiro para escreverem cartas com amor: quando falo de amor refiro-me a uma forma inteligente de comunicar com os outros. Tem a ver com consciência emocional e com o uso da linguagem. Este rolo da máquina de desenho imita a escrita à mão. Quando a máquina regista uma escrita mais difícil, ela para para pensar. Esse processo de pensamento é gravado através da caneta que sangra no papel”, disse Nandita Kumar.
A obra de Kumar tem também uma dimensão sonora. “Converti os pontos em sons, enviei-os a cinco músicos de diferentes pontos do planeta e criei uma obra sonora”, acrescentou a artista.
A artista norte-americana Clara Brinkeroff participou pela primeira vez na feira com uma exposição de pavões. Cada pavão custa cerca de 13 mil euros.
“É um dos meus pássaros favoritos porque é majestoso, belo e elegante. Quando eu e o meu marido decidimos vir aqui, pensei logo em trazer pavões, porque o pavão é o pássaro nacional da Índia”, disse a artista norte-americana.
“É a minha primeira vez nesta feira e fiquei impressionada com a gentileza das pessoas, tivemos muita atenção. Já vendi muitos pavões e creio que não vou ficar por aqui, quero regressar”, acrescentou Clara Brinkeroff.
A feira de arte de Nova Deli é uma plataforma de divulgação para a nova geração de artistas plásticos indianos. É o caso de Krishna Murari que este ano regressa ao evento com uma exposição chamada “Ela”, uma reflexão sobre a condição da mulher na sociedade.
As quase noventa galerias presentes este ano colocaram à venda cerca de mil obras. Os organizadores sublinham que a maioria dos compradores tinha menos de 30 anos. Com uma população de 1,3 mil milhões de pessoas, a classe média indiana deverá abarcar em breve 18 por cento da população. Não admira que as galerias e os artistas prometam voltar na próxima edição.