Os temas da propaganda e da guerra em destaque no Festival de Cinema de Odessa

Doze filmes competem pelo duque de ouro no festival Internacional de Cinema de Odessa.
Este ano, a organização do festival teve um trabalho suplementar: demonstrar que a cidade é segura para turistas e profissionais da sétima arte.
No século XIX, a cidade ucraniana situada à beira do mar negro foi considerada por Alexander Pushkin como “a mais europeia das cidades russas”.
Além dos filmes em competição, a sexta edição do evento dedicado à sétima arte exibe obras recentes e uma série de retrospetivas.
A longa-metragem turca “Sivas” é um dos destaques da programação. O filme desenrola-se numa zona rural do leste da Anatólia e retrata a amizade inesperada entre uma criança e um cão de luta abandonado.
A obra realizada por Kaan Müjdeci venceu o prémio especial do júri, no último festival de Veneza.
Em retrospetiva, o público pôde assistir à produção italo-romena de 1942 sobre o cerco de Odessa, durante a Segunda Guerra Mundial.
A longa-metragem “Odesa in flames” tinha sido considerada como perdida até 2005, ano em que uma cópia foi encontrada em Itália.
Os temas da ocupação e da propaganda de guerra voltaram à ordem do dia na Ucrânia.
“O objetivo da retrospetiva é mostrar acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. Queremos mostrar o período da ocupação de Odessa e da região de Bessarábia do ponto de vista soviético e do ponto de vista romeno. Isso ajuda-nos a perceber que toda a interpretação criativa dos eventos históricos está ligada a clichés ideológicos”, sublinhou Ivan Kozlenko, um dos responsáveis pelo festival.
De acordo com os organizadores do festival, o conflito no Leste da Ucrânia teve um impacto importante no Festival. Houve uma diminuição do número de participantes devido ao receio de muitos europeus de se deslocarem à Ucrânia.
Por outro lado, por razões financeiras, a programação inclui mais documentários do que ficções.
“A indústria do cinema na Ucrânia atravessa um momento difícil devido ao problemas financeiros, mas, existe uma estratégia para desenvolvê-la e é necessário pô-la em prática. Há muitos realizadores talentosos mas não basta fazermos 10 ou 15 filmes com o apoio do governo. Temos de fazer dezenas de filmes por ano”, disse Viktoriya Tigipko, diretora do Festival.
Michael Nyman foi um dos convidados de honra do festival. O compositor britânico dirigiu a orquestra durante a projeção do filme mudo “Homem da Câmara de Filmar”, realizado por Dziga Vertov, em 1929.
“Pelo sexto ano, o festival de Odessa apresentou as últimas novidades do cinema ucraniano e internacional. Este ano a organização teve um trabalho suplementar: demonstrar que a cidade é segura para os turistas e profissionais da sétima arte”, sublinhou Evgeniya Rudenko, jornalista ucraniana da euronews.