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"Manon", a mulher emancipada da ópera

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"Manon", a mulher emancipada da ópera
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De Katharina Rabillon
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"Manon", de Jules Massenet, volta ao palco, em Paris. Com encenação de Vincent Huguet, a ópera recorre aos loucos anos 20 para contar a história de uma mulher emancipada.

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Manon, a heroína emancipada Jules Massenet, estreou em Paris em março, pouco antes do confinamento que ditou o encerramento de quase todo o setor dos espetáculos na Europa, numa nova produção da obra-prima homónima.

Foi um regresso à cidade onde estreou no século XIX, a ópera vai estar em cena até 10 de abril e é agora protagonizada por Pretty Yende, na pele da irresistível Manon, e Benjamin Bernheim, como cavaleiro Des Grieux.

Sob a encenação de Vincent Huguet, a história passa-se na década exuberante e livre que separou as Guerras Mundiais.

"O que realmente me convenceu a encenar a ópera nos loucos anos 20, são personalidades como Mistinguett e, em particular, Josephine Baker. É a primeira vez na história que as mulheres podem ser alguém sem a proteção dos homens", conta o encenador.

Em "Manon", Manon dá nome à ópera que protagoniza e é a protagonista do próprio destino, "é o homem do espectáculo", afirma Pretty Yende.

A soprano reconhece a singularidade da personagem. "Ela assume o poder o tempo todo. Normalmente interpreto mulheres que querem um homem. E aqui ela diz: 'O que é que quer? Ai, sim? Não sei, talvez'".

Na trama, Manon é amada por des Grieux, a personagem masculina que convive sem problemas com a emancipação da protagonista. "É um casal muito moderno", afirma Benjamin Bernheim. Para o tenor, "des Grieux aceita totalmente a ideia de que uma mulher esteja acima dele, seja mais conhecida e mais forte que ele".

Das origens ao fim trágico

Baseada no romance de 1731 "A história do Cavaleiro des Grieux e de Manon Lescaut", de Abbé Prévost, "Manon" estreou em 1884, na capital francesa e surge agora numa nova versão adaptada aos "loucos anos 20". 

"Esta é obviamente uma homenagem a Paris, entre o pequeno apartamento boémio, no ato II, o grande ato em Cours-la-Reine, a parte festiva de Paris, a cidade da luz, contrastando, de seguida, com as sombras húmidas de Saint- Sulpice", conta Vincent Huguet.

A igreja parisiense é o pano de fundo da cena trágica em que Des Grieux decide tornar-se padre depois de abandonado por Manon.

Para o tenor que encarna a personagem, "ele percebe a solidão em que vive. Ele está com Deus, mas Deus não responde às suas preces. Manon é como uma luz brilhante que lhe incide há muito tempo sobre os olhos e sempre que ele olha, vê uma sombra, a imagem terna que tem dela".

O par volta a reunir-se, mas o fim que os aguarda - ou não se tratasse este amor de ser trágico - é um final condenado à infelicidade.

Ainda assim, para Pretty Yende, o que fica da obra é sobretudo a determinação da personagem feminina. "Estou muito inspirada pelo sentido de coragem que ela tem de realmente seguir o coração e de tornar até os sonhos mais impossíveis realidade. É como se ela tivesse desistido de todo o sucesso e vontades. Ela tem paz e tranquilidade para deixar esta terra, sabendo que foi responsável por algumas das melhores memórias que tem".

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