Bordallo II pôs um anúncio a dizer “vende-se” num dos locais mais fotogénicos da capital portuguesa, em mais uma crítica aos preços da habitação.
PUBLICIDADE
O Cais das Colunas é um daqueles locais obrigatórios para quem visita Lisboa. Mesmo frente ao Terreiro do Paço, erguem-se duas colunas como se fossem uma porta entre o rio Tejo e a cidade. Ótimo para a fotografia, mas agora também suporte de um aparente anúncio imobiliário.
Ao início da manhã desta quinta-feira, as duas colunas suportavam uma lona que dizia “Vende-se Lisboa”. No cartaz até havia um número de telefone - ao que tudo indica, da Câmara Municipal de Lisboa - e muitos símbolos de euro (€), numa indicação de que o negócio não iria sair barato.
A intervenção foi reivindicada pelo por Bordallo II. Nas redes sociais, o artista publicou várias fotografias do cartaz ao amanhecer, quando a zona ainda estava vazia, e até da remoção da faixa por parte dos trabalhadores camarários.
“Excelente oportunidade. Cidade de traça antiga, com ótima exposição solar todo o ano e recentemente remodelada com detalhes de luxo”, escreveu Bordallo II.
“Uma oportunidade de sonho numa cidade onde a maioria nem pode sonhar em viver”, rematou.
Nos últimos anos os preços da habitação em Portugal não têm parado de crescer. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), no primeiro trimestre deste ano, o preço mediano das casas aumentou 4,3% relativamente ao último trimestre do ano passado e de 18,7% em relação ao mesmo período de 2024.
Só na capital, Lisboa, a valorização atingiu 8,6% comparativamente no quarto trimestre de 2024.
Este aumento torna o mercado de difícil acesso para a classe média e baixa. Os quartos para estudantes na cidade atingem já o preço médio de 500 euros, o valor mais elevados do país.
Quem é Bordallo II?
Bordallo II é o nome artístico de Raul Bordalo. É sobretudo conhecido pelos grande painéis coloridos, feitos de lixo e material reciclado.
É também conhecido pelo trabalho de crítica social, incluindo os preços do imobiliário.
O ano passado, por exemplo, o artista colocou um tabuleiro de Monopólio gigante numa praça junto ao Cais do Sodré. Uma obra que, no entanto, foi criticada por ser semelhante à da artista Fartadaa.
“O direito à habitação, presente na Constituição, está agora à mercê da sorte ou do azar”, escreveu o artista a propósito da intervenção.
Mais recentemente, Bordallo II também se pronunciou sobre a demolição de habitações precárias no bairro do Talude, em Loures, na área Metropolitana de Lisboa. Um grande cartaz colocado na sede do município dizia “Demolidor imobiliário”.