Mal choveu em Portugal este ano. Os agricultores portugueses enfrentam uma grave situação de seca.
Cerca de 95% do território português enfrenta seca grave ou extrema. Os agricultores enfrentam um ano difícil. Como estão a adaptar-se?
A Euronews visitou a Herdade Torre das Figueiras, em Monforte, Portugal. A seca está a afetar a produção agrícola. Por exemplo, a cevada devia ser mais alta e mais espessa, com raízes maiores. Enfraquecida pela falta de chuva, a colheita está a sucumbir a uma infestação por fungos.
"Isto é típico de quando a planta está fraca, quando necessita de crescer e não consegue. Tudo de mau lhe acontece, como uma pessoa doente e subnutrida, que fica doente muito mais facilmente", explicou José Maria Falcão, proprietário da Herdade Torre das Figueiras.
Uma tendência que se vai acentuar nas próximas décadas
José Maria Falcão registou cerca de 10 milímetros de chuva em Janeiro e Fevereiro, em comparação com 200 milímetros, no mesmo período do ano passado. O aumento da frequência da seca é uma das tendências do aquecimento global. As últimas duas décadas foram as mais secas de que há registo em Portugal. Os anos mais húmidos do que a média tornaram-se menos frequentes.
"Até o final deste século, as projeções apontam para diminuições de precipitação em todo o país, sendo que essas diferenças poderão ser perdas de precipitação de 15 a 20% no Norte e 30% a 40% na região Sul, o que é bastante significativo", afirrmou Vanda Pires, climatóloga do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Uma gestão milimétrica da água
José Maria Falcão mostrou-nos uma série de tecnologias usadas para atenuar o problema: um sistema de irrigação controlado por computador, sondas que medem a humidade do solo e sensores de crescimento.
"Não pode ser o olho. Não posso estar a ver. Eu tenho que ver para baixo para ver onde está a humidade e é assim que eu consigo gerir, com pouca água, uma cultura que necessita de muita água", explicou o proprietário agrícola.
Para Gonçalo Rodrigues, especialista em irrigação, é fundamental utilizar todas as ferramentas disponíveis para gerir a água existente.
"Usar sensores de monitorização da água no solo, estações meteorológicas, sensores nas plantas, imagens de satélite, imagens dos drones, o que for, para realmente conhecermos o comportamento das nossas culturas. Temos que aprender e tirar o melhor partido da tecnologia disponível para sermos cada vez mais eficazes, cada vez mais eficientes", sublinhou Gonçalo Rodrigues, professor assistente do Instituto Superior de Agronomia.
O Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus
Em fevereiro de 2022, na Europa a temepratura foi 2,4 graus mais elevada do que a média de 1991 a 2020, de acordo com os dados do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus.
O mapa das anomalias de temperatura a nível mundial confirma esse número. A Europa e grande parte da Rússia registaram temperaturas mais quentes do que a média.
Uma situação bastante diferente do Alasca à Gronelândia e até ao Texas, nos Estados Unidos, onde as temperaturas, foram, nalguns casos, muito inferiores à média de fevereiro.