Ocupa parte de nove países e sete milhões de quilómetros quadrados. A Amazónia é demasiado grande para ser patrulhada por brigadas de incêndio normais
Os incêndios na Floresta Amazónica em 2019 arrasaram mais de 47 milhões de hectares, área superior à da Suécia. A UNESCO decidiu então lançar um programa para identificar e combater as principais causas da desflorestação nesta selva.
O "corte e queima" é utilizado tanto pela agricultura industrial como pelos pequenos agricultores. Estas queimas "controladas" podem facilmente ficar fora de controlo.
Por isso, a agência das Nações Unidas começou a formar cerca de 500 bombeiros voluntários e a fornecer-lhes equipamento para combater os incêndios. O impacto da iniciativa tem sido transformador.
Quem são os voluntários?
Os bombeiros voluntários são de todas as idades. Mais de metade são mulheres.
"Sempre tive o sonho de ser bombeira", conta Miriam, de 59 anos. Os incêndios na natureza enchem-na de desespero, pois vê algo que tenta proteger ser destruído.
"Porque se alguém atear fogo, agora temos aqui bombeiros, temos o nosso material e podemos ir socorrer as pessoas. Não há dinheiro que pague isso", acredita.
Miriam está ainda a transmitir o que aprendeu a outros residentes da aldeia.
"Depois da formação, comecei a fazer reuniões com a minha comunidade para passar o conhecimento, ensinar-lhes o que devem fazer para evitar que o fogo se propague para a mata. E graças a Deus, eles estão a seguir as orientações que lhes demos".
O que aprendem?
As sessões do curso, com a duração de uma semana, são coordenadas no terreno pela organização não-governamental Fundação Vitória Amazônica. As comunidades são selecionadas para a formação após a identificação das áreas com maior incidência de incêndios, através de dados de satélite e mapas de calor.
Entre outras habilidades, os voluntários aprendem técnicas profissionais de extinção de fogos e primeiros socorros. São ensinados a construir aceiros (para evitar que o incêndio se alastre) eficazes e a identificar quando um fogo controlado se pode transformar num perigo descontrolado.
"Vivemos em zonas onde os residentes locais fazem pequenas queimadas para limpar as suas plantações e, por vezes, estas ficam fora de controlo", relata a voluntária Raiuma, de 24 anos.
"Como bombeiros recém-formados, podemos ajudar a comunidade e responder a qualquer chamada, por isso o curso encorajou-nos muito e ajudou muito a comunidade", realça.
Uma mulher bombeira chama muito a atenção, acrescenta Raiuma, encorajando outras a trabalharem na área. "Sempre achei que é importante ter mulheres em tudo, são um pouco mais organizadas e ambiciosas".
A iniciativa está agora espalhada por quatro das áreas protegidas, internacionalmente designadas pela UNESCO, no Brasil, no Perú e na Bolívia.
A agência da ONU acredita que estes bombeiros voluntários são vitais à medida que a floresta tropical se torna mais seca e vulnerável a incêndios catastróficos.