"No meio de uma crise climática, é uma receita para o desastre", alerta secretária-geral da Confederação Europeia de Sindicatos
Dos Pirinéus a Tenerife, o sul da Europa arde devido aos incêndios. No entanto, o número de bombeiros na União Europeia (UE) está a diminuir.
Em 2022, havia quase 360 mil bombeiros profissionais, ou seja, menos 2.800 do que em 2021, de acordo com o Eurostat, o gabinete de estatísticas do bloco europeu.
"Reduzir o número de bombeiros no meio de uma crise climática é uma receita para o desastre", alerta Esther Lynch.
A secretária-geral da Confederação Europeia de Sindicatos receia que as regras de austeridade que vão ser introduzidas pela UE no próximo ano possam agravar ainda mais a situação.
Quais os países que cortaram mais em bombeiros?
Dez Estados-membros da UE baixaram o número de bombeiros nos últimos anos.
França reduziu o corpo de bombeiros em 5.446 trabalhadores entre 2021 e 2022, o maior corte em todo o bloco. Seguiram-se a Roménia, que diminuiu os efetivos em 4.250, e Portugal (2.907).
A Eslováquia registou o maior corte percentual, com uma redução de 30%, seguida da Bulgária (22%), de Portugal (21%) e da Bélgica (19%).
A Letónia, a Suécia, a Hungria e a Alemanha também sofreram cortes.
Os números não refletem a quantidade de bombeiros voluntários, que são ainda mais ameaçados pela falta de equipamento e de colegas profissionais.
Perigo para bombeiros aumentou este verão
Os sindicatos instaram os países da UE a não negligenciar os serviços essenciais para combater os efeitos das alterações climáticas.
"O aumento do risco de incêndio causado pelas alterações climáticas foi evidente para todos este verão", destaca Lynch. "Temos de garantir que os nossos serviços de bombeiros têm o pessoal e os recursos de que necessitam para fazer o seu trabalho de salvar vidas."
"Tendo julho sido o mês mais quente de que há registo a nível mundial e com os incêndios florestais e as inundações a afetarem muitos Estados-membros, os perigos e a carga de trabalho dos bombeiros e de outros trabalhadores dos serviços de emergência aumentaram", explica Jan Willem Goudriaan.
O secretário-geral da Federação Europeia dos Sindicatos dos Serviços Públicos diz que, embora o investimento da UE em equipamentos de combate a incêndios seja "um passo bem-vindo", é necessário fazer mais para resolver os problemas urgentes de pessoal.
Os países devem também investir em medidas de adaptação para reduzir o risco de incêndios florestais, como a gestão das florestas, acrescenta Goudriaan.
"Esta é a melhor medida preventiva contra os incêndios, mas, como os exemplos da Grécia e de outros países demonstraram, as medidas de austeridade impostas pela UE reduziram o financiamento e criaram problemas muito piores para as nossas comunidades".