A persistência das condições de seca conduziu ao caudal mais baixo dos rios por altura da primavera em toda a Europa desde que há registos, em 1992.
O passado mês de maio foi o segundo mais quente alguma vez registado no mundo, apenas ultrapassado por maio de 2024, de acordo com o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus (C3S) da UE, trazendo condições invulgarmente secas ao noroeste da Europa.
Os dados mostram que a temperatura média global do ar à superfície foi de 15,79ºC no mês passado, mais 0,53ºC do que a média de 1991 a 2020.
Estima-se que maio tenha sido 1,4ºC superior à média registada entre 1850 e 1900 - o período utilizado para definir a média pré-industrial. Este valor interrompe um período de calor intenso em que 21 dos 22 meses ultrapassaram o limiar de 1,5ºC, embora os cientistas da UE afirmem que é pouco provável que esta situação se mantenha.
"Maio de 2025 interrompe uma sequência sem precedentes de meses com mais de 1,5ºC acima da média pré-industrial", afirma Carlo Buontempo, diretor do C3S no ECMWF.
O facto de o mundo violar ou não o objetivo do Acordo de Paris de manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC é medido ao longo de décadas e não de meses isolados, o que significa que, tecnicamente, não foi ultrapassado.
"Embora isto possa oferecer uma breve pausa ao planeta, esperamos que o limiar de 1,5ºC seja novamente ultrapassado num futuro próximo devido ao aquecimento contínuo do sistema climático", acrescenta Buontempo.
Primavera seca suscita preocupações na Europa
Nos últimos meses, as temperaturas elevadas têm sido acompanhadas de tempo seco em grande parte do mundo.
Na Europa, o mês de maio trouxe condições mais secas do que a média a grande parte do norte e centro da Europa, bem como às regiões meridionais da Rússia, Ucrânia e Turquia.
Esta primavera tem sido um contraste entre condições mais secas do que a média no norte e no oeste e condições mais húmidas do que a média no sul e no noroeste da Rússia.
Partes do noroeste da Europa registaram os níveis mais baixos de precipitação e de humidade do solo desde, pelo menos, 1979. Além disso, a persistência das condições de seca provocou o menor caudal fluvial na primavera em toda a Europa desde que há registos, em 1992.
De acordo com os dados do Observatório Europeu da Seca, mais de metade do território da Europa e da bacia mediterrânica enfrentou alguma forma de seca entre 11 e 20 de maio. Este é o nível mais elevado registado para este período do ano desde o início da monitorização, em 2012.
Os agricultores do norte da Europa manifestaram receios quanto às suas colheitas, com o tempo invulgarmente seco a atrasar a germinação do trigo e do milho. No Reino Unido, o Sindicato Nacional dos Agricultores avisou, no início de maio, que algumas culturas já estavam a falhar devido à primavera mais seca do país em mais de um século.
No final de maio, o Banco Central Europeu avisou que a escassez de água põe em risco cerca de 15% da produção económica da zona euro. Um novo estudo realizado com peritos da Universidade de Oxford concluiu que a água é o maior risco para a economia da zona euro relacionado com a natureza.