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Ameaça existencial: plástico em pequenas quantidades no oceano mata vida marinha

Poluição por plástico afeta peixes juvenis na Indonésia
Poluição por plástico e peixes juvenis na Indonésia Direitos de autor  Naja Bertolt Jensen via Unsplash.
Direitos de autor Naja Bertolt Jensen via Unsplash.
De Liam Gilliver
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Estudo alerta que plástico em quantidade inferior a três cubos de açúcar pode ser fatal para aves marinhas como o papagaio-do-mar do Atlântico

Plásticos no oceano representam uma “ameaça existencial” à diversidade da vida marinha, com pequenas doses a revelarem-se fatais.

Nova investigação liderada por especialistas da Ocean Conservancy alerta que milhares de espécies ameaçadas na Lista Vermelha estão a ingerir níveis perigosos de plásticos, apesar dos esforços globais para limpar lixo de praias e cursos de água.

O estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, procura quantificar exatamente que tipos de plástico representam maiores riscos. Inclui plásticos macios e flexíveis, como sacos e embalagens de alimentos, bem como plásticos rígidos provenientes de fragmentos e de objetos inteiros, como garrafas de bebidas.

Os investigadores procuraram também perceber quanto plásticoé “demasiado”, sustentando que as doses letais para animais marinhos são muito menores do que a maioria pensa.

Quanto plástico no oceano é perigoso?

Cientistas da Ocean Conservancy analisaram 10 412 necropsias de animais em todo o mundo, nas quais a causa de morte e a ingestão de plástico eram conhecidas.

Incluem 1 537 aves marinhas de 57 espécies, 1 306 tartarugas marinhasde sete espécies e 7 569 mamíferos marinhos de 31 espécies.

Quase metade (47 por cento) de todas as tartarugas marinhas, um terço de aves marinhas e 12 por cento de mamíferos marinhos no conjunto de dados tinham plásticos no trato digestivo à data da morte. Um em cada cinco animais registados tinha ingerido plásticos, frequentemente de vários tipos.

Os investigadores concluíram que borracha e plásticos rígidos são especialmente mortais para aves marinhas, enquanto os mamíferos marinhos estavam mais em risco com plásticos macios e artes de pesca. As tartarugas foram mortas tanto por plásticos macios como por plásticos rígidos.

Segundo o estudo, consumir menos do que o equivalente a três cubos de açúcar em plásticos para aves marinhas como papagaios-do-mar do Atlântico, ou pouco mais do que o equivalente a duas bolas de basebol em plásticos para tartarugas marinhas como as tartarugas-comuns, resultou numa probabilidade de morte de 90 por cento.

Para mamíferos marinhos como as toninhas-comuns, o equivalente a uma bola de futebol em plástico implica 90 por cento de probabilidade de morte.

Plásticos no oceano são uma ‘ameaça existencial’

“Esta investigação evidencia como os plásticos no oceano constituem uma ameaça existencial para a diversidade da vida no planeta”, afirma Nicholas Mallos, vice-presidente do programa Ending Ocean Plastics da Ocean Conservancy e coautor do estudo.

“A ingestão de plásticos é apenas uma das formas como a vida marinha é ameaçada pela crise da poluição por plástico. Imagine os perigos quando se considera também o emaranhamento e a ameaça constante de químicos tóxicos libertados pelos plásticos.”

Quanto plástico há no oceano?

Os cientistas estimam que mais de 11 milhões de toneladas de plástico entram no oceano todos os anos, sendo a maioria artigos de utilização única.

Equivale a mais do que um camião do lixo de plásticos a entrar no oceano a cada minuto.

Desde 1986, contudo, a limpeza costeira anual da Ocean Conservancy já mobilizou mais de 19 milhões de voluntários para removerem mais de um milhão de quilogramas de lixo de praias e cursos de água.

“Governos em todo o mundo debatem como enfrentar a poluição por plástico e procuram metas baseadas na ciência para orientar decisões políticas”, afirma a Dra. Chelsea Rochman, autora principal do estudo.

“Esta investigação fornece uma base importante para que os decisores compreendam limiares de risco e possam proteger melhor a biodiversidade.”

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