NATO mostra-se pronta para enfrentar desafios

Portugal foi o palco final do exercício militar “Trident Juncture 2015” da NATO, para treinar e preparar os exércitos em defesa dos países aliados.
Juntamente com outras individualidades, o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, testemunhou as várias manobras que envolveram, em território nacional, mais de 10 mil efetivos, de 14 países.
Em Troia assistiu-se a uma operação de proteção do porto, a uma intervenção da equipa NBQR (defesa nuclear, biológica, química e radiológica) e a um desembarque anfíbio.
Em entrevista à Euronews, Stoltenberg descreveu a manifestação de força da NATO. O exercício é considerado o maior desde o fim da Guerra Fria.
Andrei Beketov, euronews – No decurso deste exercício, a NATO desenvolveu operações claramente ofensivas, de treino para ataque. O que é que isto nos diz sobre a estratégia da NATO? Está a evoluir?
Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO – A NATO é uma aliança defensiva e o nosso núcleo, a nossa função principal é proteger todos os aliados de quaisquer ameaças. Tudo o que fazemos é proporcional, está em linha com os nossos compromissos internacionais. Mas temos de responder quando nos apercebemos de um ambiente desafiante em matéria de segurança, quando assistimos a tumultos, à violência que se espalha pelo Médio Oriente e Norte de África. Também quando vemos algo que é completamente diferente, mas ainda assim constitui um desafio para a NATO. Uma Rússia mais assertiva que, ao longo de muitos anos, desenvolveu capacidades militares, também ao longo das fronteiras da NATO.
euronews – Quais são as questões relacionadas com a presença russa, em particular no Mediterrâneo, mas também no Báltico.
JS – É algo a que os peritos chamam de anti-acesso, negação de área. Significa que a Rússia deslocou diferentes sistemas de armas, diferentes capacidades, que pretendem negar o acesso de outras forças à área. Isso irá reduzir a nossa capacidade de reforço em caso de necessidade.
O exercício “Trident Juncture 2015” terminou esta sexta-feira, em Portugal. Passou por Itália e antes de chegar a território nacional, por Espanha. Em Saragoça, Stoltenberg também falou com a Euronews.
Andrei Beketov, euronews – Vimos mais exercícios militares na Europa recentemente e estão a tornar-se mais sérios. Quem está detrás desta corrida? É justa?
Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO – Estou preocupado porque vimos que a Rússia começou a praticar muitos exercícios surpresa. Os observadores não são convidados para esses exercícios o que reduz, obviamente, a previsibilidade e a transparência.
euronews – O presidente russo disse que estava a pensar ter o arsenal nuclear preparado em caso do país ter de defender a Crimeia. Porque é que não incluiu este elemento no exercício?
JS – Porque acreditamos que as armas nucleares têm de ser geridas de forma bastante cautelosa, previsível. Para nós as armas nucleares são parte da dissuasão.
euronews – A NATO continua a construir um escudo anti-míssil na Europa?
JS – Conforme planeado, continuamos a desenvolver o sistema de defesa anti-míssil na Europa. Faz parte da nossa dissuasão e a razão porque a NATO quer e continua a ter uma defesa coletiva forte não é porque queiramos a guerra, mas sim porque queremos evitar a guerra.