Um tribunal belga decidiu, quinta-feira, que há suficentes indícios para levar a julgamento o jihadista francês Mehdi Nemmouche, principal suspeito do ataque terrorista no Museu Judaico de Bruxelas, em 2014. A euronews falou sobre antisemitismo com o rabino Avi Tawil.
Um tribunal belga decidiu, quinta-feira, que há suficientes indícios para levar a julgamento o jihadista francês Mehdi Nemmouche, principal suspeito do ataque terrorista no Museu Judaico de Bruxelas, a 24 de maio de 2014.
"Espero que quando uma criança judia é visada se veja isso como um ataque a toda a sociedade"
Rabino, Presidente do Centro Europeu da Comunidade Judaica
Quatro pessoas morreram no que foi visto como um sinal do aumento do antisemitismo na Bélgica, onde vivem 40 mil judeus, sobretudo nas cidades de Bruxelas e de Antuérpia.
O rabino Avi Tawil deu o seu testemunho à euronews, dizendo que "como ando na rua com quipá, sou facilmente identificado como judeu. Devo dizer que, em muitas ocasiões, somos confrontados na rua com as nossas origens de uma forma não muito agradável. O mais interessante é que meus filhos são confrontados com mais frequência do que eu".
Após o ataque, as autoridades belgas reforçaram o dispositivo policial junto de locais de culto e de outros centros de atividade da comunidade.
O rabino, que preside ao Centro Europeu da Comunidade Judaica, apela à boa convivência com todos as comunidades, afirmando que "quando uma criança é alvo de discriminação - e pode ser uma criança muçulmana, porque há muito ódio contra os muçulmanos, como todos sabemos - eu sinto como se fosse um ataque contra os meus filhos".
"Logo, espero que quando uma criança judia é visada, também se veja isso como um ataque a toda a sociedade e não só a uma comunidade específica", acrescentou.
O julgamento de Nemmouche, de 33 anos, deverá começar em 2019, onde comparecerá, também, o alegado cúmplice, Nacer Bendrer. Um terceiro suspeito francês, Mounir Attalah, não será julgado por falta de suficientes indícios.
Nemmouche disparou uma arma automática no hall de entrada do museu, matando dois turistas israelitas, um voluntário francês e uma recepcionista belga. O alegado atacante foi detido alguns dias depois na cidade portuária de Marselha, no sul de França, quando saía de um autocarro proveniente de Bruxelas.
O jihadista combateu na Síria ao lado de extremistas islâmicos e tinha ligações a Abdelhamid Abaaoud, líder dos atentados em Paris, a 13 de novembro de 2015, que mataram 130 pessoas e feriram centenas de outras.
Abaaoud morreu num tiroteio com a polícia, perto da capital francesa, poucos dias após o massacre.