A falta de consenso na política de asilo alimenta a divisão na União Europeia, quando se aproxima o verão, estação de maiores fluxos migratórios. O bloco quer reformar a legislação do chamado sistema de Dublin, para o tornar mais solidário, mas esbarra na oposição de vários países.
Cerca de uma centena de migrantes resgatados por uma organização não-governamental, na segunda-feira, passaram mais um dia no mar à espera de autorização das autoridades italianas para irem para terra. O episódio reflete a dificuldade da União Europeia em ter uma política unânime de asilo, quando se aproxima o verão, estação de maiores fluxos migratorios.
"Todos concordamos que temos de proteger melhor as nossas fronteiras externas. Queremos expandir e fortalecer as fronteiras europeias e a guarda costeira e ter um sistema europeu de gestão de fronteiras totalmente integradas", disse, terça-feira, Dimitris Avramopoulos, comissário europeu para a Migração.
Mas o tema alimenta uma grande divisão entre os Estados-membros na atual discussão para reformar o sistema de Dublin, como é conhecido o pacote legislativo sobre asilo.
Há países que defendem mecanismos de redistribuição dos requerentes para aliviar o fardo dos países de entrada, e outros que recusam essa ideia por considerarem os migrantes e refugiados como uma ameaça para a Europa.
É o caso do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, recém reeleito, que disse, terça-feira, numa entrevista na rádio, que "o meu governo de coligação está moralmente obrigada a realizar uma emenda à Constituição sobre este tema e vamos efetuá-la".
A emenda visa travar futuros projetos europeus de redistribuição como foi o caso do sistema por quotas para refugiados que chegaram à União via Grécia e Itália, principais portas de entrada de quem cruza o mar mediterrâneo, sobretudo desde 2015. A falta de soluções a nível europeu alimenta a tensão nesses países sobre as condições para ajudar os refugiados e migrantes.