Organismo anti-fraude pede devolução de 317 milhões de euros

A corrupção com fundos da União Europeia é um dos motivos de manifestações antigoverno em países do Leste, tais como a República Checa e a Roménia. Mas um pouco por toda a União Europeia, 167 investigações foram concluídas pelo Organismo Europeu Anti-Fraude (OLAF), que publicou, terça-feira, o relatório relativo a 2018.
O organismo recomendou que fossem devolvidos 371 milhões de euros e o diretor-geral, Ville Itälä, defende a revisão de alguns projetos, como por exemplo na Hungria, um dos piores casos.
"É importante analisar o que se esconde por detrás dos números porque nem sempre revelam toda a verdade da situação. É por isso que decidi visitar a Hungria, a fim de discutir os problemas com as autoridades, a nível legislativo e judicial, e ver como poderemos encontrar em conjunto soluções para os resolver", disse Ville Itälä em entrevista à euronews.
O OLAF pede às autoridades locais que aprofundem as investigações mas, algumas vezes, acabam em saco roto.
Por exemplo, o Ministério Público da República Checa arquivou o caso contra o primeiro-ministro, Andrej Babis, o que não surpreende ativistas anticorrupção.
"Penso que o mais notório neste relatório é que os Estados-membros, simplesmente, não parecem levar a sério a luta contra a corrupção com fundos da União Europeia. Uma taxa de apenas 36% de dedução de acusações é inaceitável", afirmou Nick Aiossa, ativista da Transparência Internacional.
"O facto do Ministério Publico checo ter decidido suspender a investigação sobre corrupção visando o primeiro-ministro Babis é um exemplo de como os Estados-membros costumam reagir às investigações deste organismo: arrastam o caso, não investigam adequadamente e deixe a investigação cair no esquecimento", acrescentou.
A Comissão Europeia adotou uma proposta para reforçar as competências deste organismo, de modo a ter condições para melhor trabalhar em conjunto com a futura Procuradoria-Geral da União Europeia.