"Breves de Bruxelas": O reequlíbrio parlamentar pós-Brexit
Barulhento, dramáticos, irreverentes. Haverá quem vai sentir saudades de alguns dos 73 eurodeputados britânicos. A partir de 1 de fevereiro, o Parlamento Europeu sofre uma recomposição: em vez de 751 membros, terá 705.
Parte dos assentos britânicos foram distribuídos por outros países e outa parte fica guardada para novos Estados-membros.
Também haverá um reequilíbrio ideológico ao nível do reforço de famílias polticas. O centro-direita, representado pelo Partido Popular Europeu, não tinha nenhum britânico e agora terá mais cinco membros vindos de outros países, passando de 182 para 187 eurodeputados.
Os nacionalistas também ganham mais peso, com o grupo Identidade e Democracia a subir para quarta forca politica no hemiciclo, posição até agora detida pelo grupo dos Verdes.
Serão estas as vozes a defender menos aprofundamento do projeto comunitário e uma repatriação de poderes para os Estados-membros em várias politicas.
Contudo, a câmara continuará a ser dominada por forças pró-comunitárias que poderão ajudar o novo executivo europeu a passar legislação crucial para o futuro da União.
"As famílias políticas do Parlamento que mais apoiam a Comissão Europeia são os socialistas, os liberais e os democratas-cristãos. Estes grupos vão ter, em conjunto, maior influência após o Brexit. Portanto, nos temas ligados à ecologia não será preocupante o facto do grupo dos verdes ter perdido alguma representatividade", considerou o analista político Dylan Casey Mashall, do centro de estudos Europa Elects.
No entanto, o verdadeiro desafio para o PPE será a harmonia interna, face ao risco de saída de eurodeputados húngaros para outro grupo político.
"É importante esperar para ver se o PPE conseguirá capitalizar a nova vantagem numérica e se se vai manter coeso ao nível de várias temáticas políticas. Também é importante que o grupo se entenda no seu interior, não basta terem maior número de eurodeputados", afirmou Doru Frantescu, analista político do centro de estudos VoteWatch.
Caso o partido Fidesz, do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, abandone o PPE, serão 12 eurodeputados a procurar outro grupo, que poderá ser o dos Conservadores e Reformistas Europeus, onde tem muito poder a delegação polaca do partido nacionalista Lei e Justiça.