Bruxelas alerta para riscos da pandemia nos requerentes de asilo

Os requerentes de asilo e migrantes que vivem em campos sobrelotados na Europa são uma população muito vulnerável à pandemia Covid-19, sobretudo na Grécia, onde 42 mil pessoas vivem em condições precárias.
Um residente na ilha grega de Lesbos foi infetado e a doença pode alastrar como um rastilho de pólvora a esses campos avisou, segunda-feira, o Parlamento Europeu. A Comissao Europeia diz estar atenta.
"Será uma situação muito difícil se o vírus chegar ao campo de Moria ou a qualquer outro centro de acolhimento sobrelotado, bem como aos pontos de entrada nas ilhas gregas. É necessário tomar já medidas", alertou Ylva Johansson, comissária europeia para os Assuntos Internos.
Além de providenciar cuidados, os governos devem continuar a processar os pedidos de asilo, como exige a lei internacional e europeia, segundo um especialista em migração.
"As pessoas que chegam às fronteiras continuam a ter o direito de solicitar asilo e não podem ser mandadas embora sem que sua reivindicação seja avaliada. Isso não significa que não se possa ser fazer nada para proteger a saúde. As pessoas que pedem asilo podem ser testadas para verificar se estão doentes, ou não, e se estiverem, podem ser aplicadas medidas como quarentena, detenção ou restrições de movimento no território dos Estados", disse, à euronews, Philippe De Bruycker, professor de direito no Instituto de Estudos Europeus da Universidade Livre de Bruxelas.
Mas já se verifica uma diminuição do atendimento por falta de meios e de funcionários, que são enviados para casa ou estão doentes, reconhece o executivo comunitário.
"Muitos Estados-membros estão a decidir que as entrevistas com os requerentes de asilo não devem continuar a decorrer porque querem limitar a interação social.Haverá atrasos nos processos de asilo, mas penso que os Estados-membros estão a tomar medidas para lidar com o risco da propagação do vírus", referiu a comissária europeia para os Assuntos Internos.
A comissão de Liberdades Civis e Justiça do Parlamento Europeu pediu à Comissão Europeia medidas imediatas para ajudar a retirar pessoas dos campos de refugiados gregos para outros pontos, para evitar o agravamento da crise humanitária e o alastrar da pandemia.