Um mealheiro para todos ou uma dívida impagável?

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De  Isabel Marques da SilvaDarren McCaffrey
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A Comissão Europeia está a elaborar o plano, a que alguns chamam "Europa da Próxima Geração", cabendo ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, tentar que os governos dos Estados-membros o subscrevam.

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A um semestre de começar um novo período orçamental de longo prazo (2021-2027) e a braços com uma recessão por causa da pandemia de Covid-19, a Comissão Europeia está a ser pressionada para apresentar um plano de recuperação económica que "agrade a gregos e a troianos".

Por um lado, que agrade a governos de países da União tais como a Alemanha e a França, que defendem a criação de um "mealheiro" comum para distribuir sem grandes constrangimentos (fundo de recuperação de 500 mil milhões de euros).

Por outro lado, que seja aceite por governos de países tais como a Áustria e os Países Baixos, que defendem, apenas, empréstimos com responsabilidades claras para quem os países que terão dos reembolsar.

“Os Países Baixos são, em percentagem per capita, os maiores contribuintes líquidos da União Europeia, há anos. O poder de compra nos Países Baixos é mais baixo do que no norte da Itália, por exemplo. Portanto, o que esperam de nós? Acho que não podemos seguir por esse caminho. Há países que precisam de dinheiro e ele estará disponível, mas querem recebê-lo sem custos. Não existe dinheiro grátis e esse é o problema", explicou Robert Roos, eurodeputado conservador neerlandês.

Poder de veto dos eurodeputados

A Comissão Europeia está a elaborar o plano, a que alguns chamam "Europa da Próxima Geração", cabendo ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, tentar que os governos dos Estados-membros o subscrevam.

“O Parlamento Europeu foi claro: aquilo de que precisamos é de um plano de recuperação de dois biliões de euros, na sua maioria dinheiro para investimento público a ser levantado no mercado de forma coletiva, a nível europeu", disse Philippe Lambert, eurodeputado ecologista belga.

"Por outras palavras, se deixar que os Estados-membros enfrentarem a crise cada um por si, vai haver grandes tensões no interior da zona euro, que podem destruir a união monetária”, acrescentou.

A chanceler alemã, Angela Merkel, terá um papel crucial para fazer a ponte, não só entre países como entre as instituições europeia, até porque o Parlamento Europeu tem poder de veto.

“Estamos numa situação nova, enfrentamos a crise económica mais profunda desde a Segunda Guerra Mundial e isso significa que a única solução passa por investimento. Eu odeio dívidas, odeio criar dívida adicional para o futuro, mas não vejo alternativa realista para investir agora na economia e resgatar o tecido produtivo", afirmou Manfred Weber, eurodeputado alemão que lidera a bancada do centro-direita.

O governo de Portugal está do lado dos países que apelam a maior solidariedade e integração política e económica.

Os líderes de Itália e de Espanha, países com grandes economias e muito atingidos pela pandemia, serão dos mais empenhados em conseguir esse desígnio.

Do lado dos frugais, poderão encontrar resistência, também entre os países nórdicos. Mas, no final, terá de haver acordo.

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