Bruxelas promete apoiar países que recebam bem os refugiados

Acidente ou crime, depois de ter sido decretado isolamento para alguns dos ocupantes por causa da Covid-19, continua a ser a dúvida que paira no ar sobre o fogo que destruiu o campo de refugiados de Moria, na ilha de Lesbos, o maior da Grécia e também da União Europeia.
O campo abrigava mais de 12 mil pessoas, mais de quatro vezes a capacidade da instalação, o que leva Stephan Oberreit, membro dos Médicos Sem Fronteiras, a defender a tese de acidente: "Este terrível acidente era uma bomba-relógio esperada, que podia explodir a qualquer momento".
"As condições no campo de Moria, desde que foi criado em 2015, são totalmente inaceitáveis. Recentemente, contabilizavam-se 20 mil pessoas num campo projetado para menos de três mil. Até certo ponto, isto poderia ter sido evitado se o campo não tivesse sido mantido em tão más condições ao longo de tanto tempo", acrescentou, em entrevista à euronews.
As instituições da União Europeia ofereceram ajuda ao governo grego, tendo a comissária europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, considerado que a prioridade é o realojamento em condições dignas.
“A Comissão Europeia continuará, com certeza, a ajudar os Estados-membros que suportam o fardo mais pesado em termos de chegadas irregulares de pessoas, mas é claro que os campos devem ter boas condições de vida e não o tipo de condições que existiam em Moria", disse Johansson à euronews.
Novo pacto na UE
O executivo europeu pretende divulgar, no final de setembro, um novo pacto para a migração e asilo, mas as organizações humanitárias temem que não se traduza em grandes mudanças no terreno, nomeadamente a redistribuição dos refugiados e migrantes por vários países da União.
"O que mais tememos é que a situação na Grécia, que o sistema que aí vigora, seja usado como mapa de orientação para a nova estratégia da União Europeia em matéria de asilo, mas gostaríamos de ver exatamente o oposto", referiu Evelien van Roemburg, membro da Oxfam.
"As pessoas não devem ser colocadas em campos nas zonas de fronteira da União Europeia, mas devem ser bem recebidas e realojadas em todos os Estados-membros, para que haja maior solidariedade com os países que se situam nas fronteiras sul e leste da Europa", acrescentou.
Heiko Maas, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, país que preside, atualmente, à União Europeia, pediu aos Estados-membros que cuidem dos migrantes atingidos pelo que classificou de "desastre humanitário".