A pandemia de Covid-19 deu a oportunidade a muitas famílias de testar um modelo diferente, para muitos associado a um passado distante de falta de infra-estruturas de educação, mas que poderá tornar-se mais comum na vida moderna.
O ensino em casa em vez de na escola era quase uma extravagância ate 2020, quando passou a ser a regra em muitas famílias por causa da pandemia de Covid-19.
A viver em Bruxelas, Mialy Clark passou a ser, também, professora em part-time dos seus três filhos durante e após o confinamento, que tenta equilibrar com os momentos de lazer e entretenimento.
"Esta situação permitiu-nos ter mais tempo para passar em família, de forma mais relaxada. Digo isto depois de ter ouvido um podcast da Universidade de Harvard sobre o facto das sociedades de caçadores e coletores apenas trabalharem 15 a 17 horas por semana. Agora trabalhamos 40, 50, 60 horas por semana. Não passamos muito tempo com os nossos filhos e com o resto da família", disse Mialy Clark em entrevista à euronews.
Flexibilidade versus profissionalismo?
Um estudo da UNESCO (agência das Nações Unidas para a educação), alerta que o ensino em casa pode ser um desafio difícil para as famílias em que os pais não podem ficar em casa ou que não têm acesso a material informático.
Mas nos países onde existem mais apoios técnicos e financeiros, as famílias tendem a aceitar melhor esta possibilidade.
Segundo o ministério da Educação da Flandres, região autónoma belga, essa opção aumentou em 33%, mas o ministro Ben Weyts, defende o sistema institucional: "O ensino em casa é um direito garantido pela Constituição, mas acreditamos, firmemente, que é do melhor interesse das crianças que elas frequentem a escola. A melhor educação é disponibilizada na sala de aulas, com um professor profissional e entusiasta”.
Elizabeth Newcamp é bloguer sobre viagens nos EUA e professora a tempo inteiro dos seus filhos, alegando que esse sistema se adapta melhor às necessidades da sua família.
"A maioria dos pais que ensinam os filhos em casa não pensam que a escola não é boa, apenas consideram que ha outras opções. Penso, sinceramente, que proporciona maior flexibilidade e tempo de qualidade aos meus filhos. Fica-se quase viciado na possibilidade de deixar uma criança ler um livro durante toda a tarde. A infância é muito curta e alguns anos depois serão obrigados a usar o tempo de forma produtiva no mercado de trabalho. É bom dar-lhes a oportunidade de seguirem os seus caprichos criativos e aquilo de que gostam mais nesta altura das suas vidas", disse Elizabeth Newcamp, em entrevista à euronews.
A pandemia de Covid-19 deu a oportunidade a muitas famílias de testar um modelo diferente, para muitos associado a um passado distante de falta de infra-estruturas de educação, mas que poderá tornar-se mais comum na vida moderna.