A presidência rotativa da União Europeia, nas mãos da Alemanha, tem dito que está perto de conseguir um acordo que inclui aqueles dois países.
Há uma proposta a ganhar apoio para desbloquear o orçamento da União Europeia para o próximos sete anos: deixar a Polónia e a Hungria de fora do fundo de recuperação dos efeitos da pandemia.
O veto ao mecanismo sobre o Estado de direito não pode deixar os outros reféns, considerou o eurodeputado liberal belga e ex-primeiro-ministro Guy Verhofstadt, em entrevista à euronews.
"É a primeira vez, devo dizer, que nas negociações do orçamento vejo países a fazerem bloqueio sendo eles parte do grupo que recebe dinheiro. Na verdade, estão a penalizar os seus próprios cidadãos. E se não for possível convencê-los, a única saída é fazer uma cooperação reforçada com base no artigo 326.º do Tratado da União, que dá a possibilidade aos outros 25 Estados-membros de avançarem com o fundo de recuperação, sem a Polónia e sem a Hungria", explicou.
Apoio dos cidadãos
Estes dois países estão contra o novo mecanismo que vincula os fundos europeus ao respeito pelo Estado de direito, mas o eurodeputado argumenta que há uma enorme pressão dos cidadãos de toda a Europa para que seja implementado.
"Na maioria dos países, 60-70% dos cidadãos consideram absolutamente normal que paremos com a transferência de dinheiro para um país que não aplica o Estado de direito, os valores da democracia, e que está nas mãos de pessoas corruptas. Porque não se trata apenas da questão do Estado de direito, é também uma questão de corrupção. O último relatório da agência europeia contra a corrupção é muito claro ao colocar a Hungria no topo da lista. Essa é, certamente, uma responsabilidade do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán", afirmou.
Comparação escandalosa com União Soviética
Os líderes húngaro e polaco acusam os demais homólogos de chantagem ideológica, de usarem o mecanismo para os obrigar a mudar as suas políticas mais conservadoras. A esse respeito, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, comparou a União Europeia à União Soviética.
"Penso que é uma comparação escandalosa porque ele certamente se esqueceu de que na União Soviética havia ditadores que matavam o seu próprio povo. Os historiadores estão de acordo sobre o facto de mais de 20 milhões de pessoas terem morrido às mãos do regime da União Soviética. Comparar tal sistema, tal tirania a um projeto democrático, a um projeto de paz como é a União Europeia é escandaloso", concluiu Guy Verhofstadt.
A presidência rotativa da União Europeia, nas mãos da Alemanha, tem dito que está perto de conseguir um acordo que inclui aqueles dois países.