Bélgica não retira vantagem de ser "casa das vacinas"

Bélgica não retira vantagem de ser "casa das vacinas"
Direitos de autor JOHN THYS/AFP
Direitos de autor JOHN THYS/AFP
De  Isabel Marques da SilvaMéabh Mc Mahon
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

De acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, este país de 11 milhões de habitantes está abaixo da média europeia.

PUBLICIDADE

Apesar de Bruxelas, capital da Bélgica, ter a sede de muitas instituições europeias e do país albergar várias fábricas das vacina contra a Covid-19, menos de cinco por cento da população belga está vacinada.

De acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, este país de 11 milhões de habitantes está abaixo da média europeia.

"É um pouco surreal e absurdo que as vacinas produzidas na Bélgica cheguem mais rapidamente ao Reino Unido, a Israel ou a outras partes do mundo do que à população da própria Bélgica, onde as pessoas têm que esperar muito tempo para serem vacinadas, como acontece na maioria dos países europeus", disse Dave Sinardet, analista político belga, em entrevista à euronews.

A logística é o mais fácil de gerir quando as vacinas têm de ser transportadas apenas algumas dezenas ou centenas de quilómetros.

Mas houve erros na gestão da própria campanha nacional, já que esta semana 11 mil profissionais de saúde foram convidados para a vacinação, mas apenas três mil compareceram.

"Na Bélgica há uma dificuldade extra porque a compra das vacinas é feita a nível federal, mas a campanha de vacinação é feita a nível regional. É uma situação típicamente belga. Todos esses níveis de poder têm de trabalhar juntos e isso nem sempre é muito fácil", explicou Koen Wouters, jornalista e comentador científico da VRT, emissora pública flamenga.

Ceticismo contra vacinas por influência francesa

Segundo o jornalista, a região da Flandres está à frente na vacinação, face a outras duas regiões, porque não há tanto receio sobre a segurança das vacinas: "O ceticismo sobre a vacinação é um problema maior na região de Bruxelas-Capital e na Valónia por causa da influência francesa, já que há muito ceticismo sobre a vacinação em França".

O país tem nove governantes com a pasta da saúde, entre o ministro federal e os repartidos por outros níveis de governo, e são alvo de grande crítica na opinião pública. 

Mas o analista Dave Sinardet considera que a União Europeia deveria ser mais clara na comunicação com os cidadãos: "Penso que é importante para o projeto europeu, nesta questão tão sensível como é a vacinação, tentar corrigir a comunicação e talvez pedir desculpa, pois tudo isso pode pôr em perigo o apoio ao projeto europeu".

A Bélgica tem agora grandes esperanças na vacina Curevac que está a ser produzida numa fábrica na Valónia. De resto, a população terá de esperar pelos esforços dos políticos nacionais e dos líderes de todos os países da União para acelerar o processo.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Covid-19: Líderes da UE desejam criar certificado comum

Portugal promete um milhão de vacinas anti-Covid a África e Timor

"Estado da União": Escândalos políticos "aquecem" campanha eleitoral