Sucessor de Merkel na Alemanha herdará "comando" europeu

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De  Isabel Marques da Silva  & Jack Parrock
Sucessor de Merkel na Alemanha herdará "comando" europeu
Direitos de autor  STEFANIE LOOS/AFP

A cimeira da União Europeia  de maio será a centésima na qual participará Angela Merkel, mas aquela que é uma das mais conhecidas estadistas europeias vai deixar a política após as eleições legislativas na Alemanha, em setembro.

O partido de centro-direita a que pertence escolheu Armin Laschet para a suceder, num desafio em que a Annalena Baerbock promete dar luta enquanto candidata dos verdes.

Em causa está não só governar a Alemanha, mas ter a palavra de maior peso na União Europeia: "É essencialmente o maior país, a economia mais forte, logo será sempre uma posição muito poderosa, por causa desse estatuto", refere o analista político Guntram Wolf, diretor do Instituto Brugel, em Bruxelas.

"Mas penso que Merkel tinha uma capacidade extremamente forte para construir alianças, para construir redes, ela faz isso há mais de 16 anos. Essa capacidade de liderança ainda terá de ser adquirida pelo novo líder", acrescentou, em entrevista à euronews.

Angela Merkel é conhecida, também, pela resistência física em cimeiras que duraram vários dias, com poucas pausas para dormir, havendo quem a acusasse de prolongar os debates para cansar os adversários.

No "reino" das coligações

Outro candidato a chanceler é o atual ministro das Finanças, Olaf Scholz, do partido social-democrata, que está em coligação com a os democratas-cristãos.

As sondagens projetam um mau resultado para o SPD , mas poderia voltar ao governo nas tradicionais coligações na Alemanha. Tal dependará muito do resultado dos verdes, ao qual as sondagens dão cerca de um quarto dos votos.

"A grande questão, em primeiro lugar, é que tipo de coligação será possível construir na Alemanha? Será entre cristãos-democratas e verdes? Ou, pelo contrário, os verdes serão o partido vencedor? Essas opções são, provavelmente, as que permitiram ter um governo mais estável", disse o analista político independente Jon Worth.

A estabilidade é essencial num país central em todas as decisões da União Europeia e conhecido por definir o rumo do bloco, em conjunto com a França, sobretudo desde que, há cinco anos, o Reino Unido iniciou o afastamento político que levaria ao Brexit.