Os candidatos preparam-se para disputar a segunda volta das eleições presidenciais
Na segunda volta das eleições presidenciais francesas de domingo há duas visões sobre a União Europeia (UE) em pé de guerra.
A divisão ficou ainda mais evidente no debate desta quarta-feira, entre Emmanuel Macron, o presidente recandidato, e Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita. O primeiro é assumidamente pró-europeu. A segunda defende um projeto soberanista.
Le Pen acusa o rival de privilegiar a integração europeia em vez dos interesses dos franceses.
"Ele tentou defender o que começou a fazer a nível europeu, ou seja, avançar em tudo o que é a Europa das vacinas, a Europa da solidariedade e de mutualização das dívidas. Prometeu algumas reformas também, mas ele é a favor de mais integração, onde faz sentido, especialmente em matéria da ecologia", explicou, em entrevista à Euronews, Nathalie Brack, professora da Universidade Livre de Bruxelas.
Para a candidata da extrema-direira, Marine Le Pen, já não se trata de sair da União Europeia e do euro.
Quer reintroduzir controlos nas fronteiras internas do espaço Schengen, voltar à livre circulação de trabalhadores e promover uma preferência nacional no acesso às ajudas sociais.
Le Pen quer, igualmente, estabelecer a primazia do direito francês sobre o direito europeu. Para o rival Emmanuel Macron, o programa que defende é o prelúdio da saída de França da UE.
"É, em si mesmo, um 'Frexit' (saída de França da UE) que não se atreve a chamar as coisas pelo nome. Há uma série de propostas que constam do programa que exigem ou a saída da União Europeia, ou a revisão completa dos tratados europeus e, por isso, não é compatível com a União Europeia tal como conhecemos hoje. Então, de facto, mesmo que não se atreva a dizê-lo, o que está a propor é, se quiser pôr em prática o seu programa, uma saída da União Europeia tal como é hoje", sublinhou Nathalie Brack.
Essa é uma possibilidade que muitos temem.
O desfecho do escrutínio, que é quase um referendo ao futuro da UE, será acompanhado com impaciência em várias capitais europeias.