A aposta Europeia no Gás Natural Liquefeito (GNL)

A UE está a apostar muito em Gás Natural Liquefeito (GNL) para substituir a energia russa.
Como parte de um plano ambicioso para reforçar a independência energética e privar o Kremlin das suas lucrativas vendas de combustível, o bloco está a bater recordes mensais de importações de GNL.
Um acordo recente com os Estados Unidos fornecerá mais 15 mil milhões de metros cúbicos (bcm) até ao final do ano, com o objetivo de atingir os 50 bcm anuais antes de 2030.
O que torna o GNL uma alternativa tão atrativa?
O GNL é um gás que é arrefecido até -162ºC para atingir um estado líquido. O volume de gás liquefeito é cerca de 600 vezes menor do que a sua forma gasosa.
O processo é dispendioso, mas oferece mais flexibilidade do que gasodutos tradicionais. Também torna mais fácil abastecer regiões dependentes da importação, como a Europa e a Ásia.
Do lado negativo, a procura de GNL é extremamente elevada, com operadores a atingirem a capacidade máxima de produção e países ricos a competir por fornecimentos. Os preços têm aumentado constantemente nos últimos meses e espera-se que se mantenham elevados enquanto a perturbação causada pela guerra persistir.
Numa tentativa de evitar uma corrida entre Estados-membros, a Comissão Europeia propôs compras conjuntas de gás, aproveitando as lições aprendidas com a aquisição das vacinas COVID-19.
Outra desvantagem é que a atual rede de GNL está fortemente concentrada em estados costeiros ocidentais, deixando a Europa Central e Oriental, na sua maior parte, sem acesso à rede; uma situação que tende a perpetuar a dependência dos gasodutos russos nessas geografias.
O bloco quer aumentar a capacidade e diversificar os fornecedores para evitar novas dependências.
Existem acordos novos ou potenciais com o Qatar, Israel, Egito, Canadá, Nigéria, Senegal e Angola.
A sociedade civil tem criticado a grande aposta da UE no GNL uma vez que é um combustível fóssil poluente que contribui para as alterações climáticas.
As organizações ambientais argumentam que a estratégia contraria o espírito do Acordo Verde Europeu e os compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris.
"O enfoque na troca de uma fonte de combustível sujo por outra, mantém a destruição ambiental e as violações dos direitos humanos, e irá bloquear o gás fóssil durante décadas", disse Silvia Pastorelli, uma ativista do clima no Greenpeace EU.
A CAN Europe - Climate Action Network - também crítica esta estratégia.