Combustíveis fósseis rendem 93 mil milhões de euros em cem dias de guerra

Depois do carvão, a União Europeia aprovou um embargo ao petróleo russo para cortar fontes de financiamento da máquina de guerra do Kremlin
Depois do carvão, a União Europeia aprovou um embargo ao petróleo russo para cortar fontes de financiamento da máquina de guerra do Kremlin Direitos de autor AFP
De  Gregoire Lory
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Kremlin capitalizou perdas de volume de negócios graças à subida nos preços dos combustíveis fósseis. Os dados constam de um relatório divulgado pelo Centro de Pesquisa para a Energia e Ar Limpo (CREA)

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Nos primeiros cem dias de guerra na Ucrânia, o comércio de combustíveis fósseis rendeu à Rússia 93 mil milhões de euros.

Os maiores importadores foram a China (12,6 mil milhões de euros), a Alemanha (12,1 mil milhões de euros), Itália (7,8 mil milhões de euros), Países Baixos (7,8 mil milhões de euros), Turquia (6,7 mil milhões de euros), Polónia (4,4 mil milhões de euros), França (4,3 mil milhões de euros), Índia (3,4 mil milhões de euros) e Coreia do Sul (3,1 mil milhões de euros).

Os dados constam de um relatório do Centro de Pesquisa para a Energia e Ar Limpo (CREA) hoje divulgado.

De acordo com o estudo, a quebra nos volumes de exportações russas foi compensada pelos preços das mesmas, em média 60% mais elevados do que no ano passado.

Apesar das pesadas sanções da União Europeia (UE) contra o carvão e o petróleo russos, ao que tudo indica o país ainda pode ganhar muito dinheiro com as vendas a diferentes clientes.

"Os últimos dados e informações de que dispomos, sugerem que a Rússia ganha mil milhões de euros por dia com as exportações de combustíveis fósseis a nível global. Grande da fatia cabe à Europa. Estima-se que esta guerra também está a custar à Rússia cerca de mil milhões de euros por dia. Por isso, existe alguma paridade entre o que a Rússia está a receber por dia com o negócio da energia e entre o que está a gastar para financiar a guerra", sublinhou, em entrevista à Euronews, Ben McWilliams, investigador do Instituto Bruegel, baseado em Bruxelas.

A União Europeia continua a ser o principal cliente da Rússia.

Ainda de acordo com o relatório, os 27 Estados-membros importaram cerca de 60% de combustíveis fósseis da Rússia.

O impacto do recente embargo ao petróleo russo, negociado a duras penas entre os Estados-membros, poderá ficar aquém das expectativas, acrescentou Ben McWilliams: "o problema com o embargo do petróleo é que tem um grande atraso. Vamos continuar a importar petróleo da Rússia até ao final do ano. O risco é que se crie muito ruído e se assuste os mercados, mantendo-se preços elevados, e continuando com importações de petróleo nos próximos seis meses. Mesmo exportando poucos volumes, a Rússia pode ter muitos lucros graças aos preços elevados."

São más notícias para a União Europeia, apesar dos esforços para reduzir a dependência e o financiamento da máquina de guerra do Kremlin.

Moscovo espera continuar a ganhar com menos clientes mas mais lucros.

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