Presidente do Conselho Europeu visita a China em "momento crítico"

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, fará uma visita à China, esta semana, com várias reuniões com os líderes do país - que é um considerado um adversário da União Europeia (UE) -, numa tentativa de obter uma noção mais clara sobre a posição da China em questões-chave "neste momento crítico".
Michel visitará Pequim, a 1 de dezembro, e reunir-se-á com o presidente Xi Jinping, o primeiro-ministro Li Kepiang e o presidente do Comité Permanente do Congresso Nacional do Povo, Li Zhanshu.
Esta visita acontece mês e meio depois da cimeira da UE na qual houve uma discussão estratégica de três horas sobre a China, desencadeada pela recusa do país em condenar a guerra da Rússia contra a Ucrânia, o crescente défice comercial em benefício de Pequim, e a tomada de consciência de que o bloco é altamente dependente da China em termos de tecnologia e matérias-primas.
Outras preocupações incluem as implicações de segurança dos investimentos chineses nas infraestruturas críticas do bloco, a assertividade da China na região, e em particular a sua retórica sobre Taiwan, bem como a reeleição de Xi para um terceiro mandato sem precedentes.
"O Presidente recebeu, penso eu, um mandato claro sobre qual deve ser a nossa política chinesa", disse um funcionário da UE na semana passada.
Michel, acrescentou, "pensou que seria bom envolvermo-nos com a China, uma vez que estamos num momento crítico".
Larga agenda, da economia aos direitos humanos
N aagenda estão os desenvolvimentos geopolíticos, a economia e os laços comerciais e outros desafios globais, incluindo as alterações climáticas, a saúde, bem como o aumento dos preços dos alimentos e da energia.
Entretanto, espera-se que o líder europeu levante "questões de direitos humanos e dos nossos valores", disse o oficial, incluindo os recentes desenvolvimentos em Hong Kong e Xinjiang.
Ainda não está claro se Michel participará numa conferência de imprensa conjunta com algum dos seus anfitriões chineses, devido às rigorosas medidas COVID-19 em vigor no país.
É também pouco provável que a visita conduza a qualquer tipo de anúncio. A visita deve ser vista como um primeiro compromisso e as discussões como um resultado a alcançar, disse a fonte da euronews.
"O que pensamos ser necessário é dar um novo impulso à relação e verificar o que mudou e quais são os novos parâmetros", disse.
A Rússia, e o potencial de influência da China sobre esta, será uma discussão-chave. A UE quer assegurar que a China não fornece à Rússia armas ou quaisquer materiais sob embargo ocidental.
A China tem enviado sinais positivos nas últimas semanas, incluindo concordar com um comunicado conjunto do G20 que deplorou "nos mais fortes termos a agressão da Federação Russa contra a Ucrânia".
Michel depois de Scholz e Macron
A vista de Michel sucede-se, também, à recente passagem do chanceler alemão Olaf Scholz por Pequim e do presidente francês, Emmanuel Macron, se ter encontrado com o líder chinês à margem da cimeira do G20, no início deste mês.
O bloco também adotou, recentemente, legislação destinada a restringir o acesso das empresas chinesas subsidiadas ao mercado da UE.
Mas os recentes acontecimentos na China podem ainda fazer descarrilar a agenda, uma vez que Xi enfrenta a maior manifestação de dissidência pública em décadas.
Protestos têm varrido a China nos últimos dias devido à morte de 10 pessoas na cidade de Urumqi, na região ocidental de Xinjiang, após um incêndio no edifício residencial em que estavam confinadas devido à severa política do país de "zero COVID-19".
Alguns manifestantes também apelaram à demissão de Xi e do Partido Comunista, ao qual as autoridades responderam com spray de pimenta e espancamentos, de acordo com vários relatórios.
Algumas autoridades locais anunciaram, também, um afrouxamento das restrições COVID-19, enquanto algumas universidades pararam as aulas em presença e instaram os estudantes a regressar a casa, no que são vistos como tentativas de refrear os protestos, de acordo com a agência de notícias AP.