UE quer renovar parceria com a América Latina na cimeira de julho

O Presidente do Brasil (esq) visitou o chefe de governo espanhol, em abril, quando também se deslocou a Portugal
O Presidente do Brasil (esq) visitou o chefe de governo espanhol, em abril, quando também se deslocou a Portugal Direitos de autor Manu Fernandez/Copyright 2023 The AP. All rights reserved.
Direitos de autor Manu Fernandez/Copyright 2023 The AP. All rights reserved.
De  Aida Sanchez AlonsoIsabel Marques da Silva
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

O objetivo da União Europeia (UE) é "relançar" uma relação que se tornou novamente crucial devido à guerra na Ucrânia, disse Josep Borrell, chefe da diplomacia comunitária, quarta-feira, em Bruxelas, quando apresentou uma série de propostas para uma "parceria política renovada" a partir da cimeira.

PUBLICIDADE

Após anos de negligência, a UE está novamente a olhar para a América Latina, com a qual terá uma cimeira no próximo mês. A invasão da Ucrânia pela Rússia e a crescente tensão com a China têm ocupado muita da atenção da Comissão Europeia e dos líderes europeus.

Mas é na América Latina que estão muitos recursos naturais essenciais e oportunidades para fazer mais comércio. O chefe da diplomacia comunitária, Josep Borrell, apresentou uma estratégia de aproximação, reconhecendo que há tensões.

"Isso significa que há coisas em que estamos em desacordo? Sim, claro. No caso específico da Ucrânia, houve países que expressaram pontos de vista que nem sempre coincidem? Sim, claro que sim", disse Borrell. 

"Mas vejam a votação nas Nações Unidas. Comparemos como é que a América Latina votou nas Nações Unidas com qualquer outra região do mundo e vemosr que na América Latina a rejeição ou a condenação da invasão russa da Ucrânia foi maior do que em qualquer outro lugar", explicou.

O acordo Mercosul em espera

A UE é o maior investidor estrangeiro na América Latina e nas Caraíbas. Essa região é rica em matérias-primas estratégicas essenciais para a transição energética, como o lítio, que é usado em baterias.

No ano passado, o comércio entre as duas regiões ascendeu a quase 300 mil milhões de euros. Há 20 anos que a UE tenta fechar um acordo comercial com o bloco Mercosul, que inclui o Brasil, país onde as políticas agro-pecuárias e de desmatação da Amazónia têm sido obstáculos de monta.

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deverá visitar a região "na próxima semana", anunciou a sua porta-voz.

O ex-Presidente da Colômbia, Ernesto Samper, defende uma nova postura entre as partes: "Se o interesse é exclusivamente comercial, provavelmente está a chegar tarde demais. A América Latina está interessada numa relação política com a Europa".

 "Estamos interessados em falar de política de drogas. Estamos interessados em falar sobre a forma como é que os recursos que estão a aparecer hoje, tais como o lítio, que podem ser decisivos na corrida tecnológica, vão ser assegurados. Estas questões são do nosso interesse, mas não podemos realizar uma cimeira para falar apenas de comércio livre, entre outras coisas, porque a Europa é a região mais protecionista do mundo", afirmou Samper.

A Comissão Europeia e os 27 Estados-membros receberão os representantes dos 33 países membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas, em Bruxelas, a 17 e 18 de julho, sendo que a última cimeira foi em 2015.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Ucrânia: Lula entende papel da UE mas diz que é hora de parar a guerra

Xi Jinping diz que abertura da China trará oportunidades para o Brasil

Chipre sem capacidade para acolher mais refugiados