São duas marcas da identidade da ilha portuguesa, que reforçam a oferta turística e dão a conhecer o patrimómio cultural
A mil quilómetros a sul de Lisboa, no meio do Atlântico, fica a ilha de Porto Santo. Esta pequena reserva da biosfera - com apenas 42 quilómetros quadrados - pertence ao arquipélago da Madeira.
Um projeto da União Europeia (UE) promove os seus antigos moinhos de vento e fontes públicas. Estas duas marcas da identidade da "ilha dourada" reforçam a sua oferta turística e dão a conhecer o seu patrimómio cultural.
Rubina Brito, do gabinete do Ambiente da Camâra Municipal de Porto Santo, conta que os tradicionais moinhos e fontes estavam estragados e obsoletos.
"Não havia manutenção, e era urgente dar a conhecer este património dos nossos antepassados. Não só à população local, mas também aos turistas que nos visitam, uma vez que o turismo é a principal atividade económica da nossa ilha", sublinha.
O custo total do projeto foi superior a 340 mil euros. A União Europeia contribuiu com 85% e o município de Porto Santo, com os restantes 15%.
A iniciativa inclui a recuperação de três moinhos e 14 fontes públicas, e um centro de formação e exposições.
Mais valia para moradores e turistas
A professora Fátima Menezes trouxe os seus alunos do ensino secundário a uma das fontes restauradas: o Fontanário da Fontinha, que remonta a 1844 e cuja água tem propriedades medicinais.
Com esta visita, os estudantes ficaram a saber mais sobre o passado da sua ilha. "Não sabia que havia muita escassez de água em Porto Santo e que, por isso, foram criados os fontanários", confessa o jovem Renan. "Também não sabia que os moinhos de vento serviam para moer os cereais".
Os alunos foram também ao centro de exposições construído no âmbito do projeto: a Ecoteca, ou Casa do Conde. O edifício ainda está em fase de remodelação, mas as portas estão aberta a todos os visitantes.
Aí, os jovens aprenderam então que existiam cerca de 30 moinhos de vento na ilha, a maior parte deles construídos no século XIX. Efetivamente, Porto Santo foi o celeiro da Madeira durante décadas. Hoje, muito poucos moinhos estão de pé.
Três foram desmontados e estão a ser reconstruídos à moda antiga. Em breve, estarão de volta às suas bases de pedra.
"Tendo as medidas da base, nós conseguimos fazer tudo o resto que envolve o moinho em si", esclarece o carpinteiro José Fábio Dantas dos Santos. "As madeiras que nós utilizámos são todas de pinho tratado com autoclave, para ele [o moinho] se aguentar outra vez dez, 20, 30 anos...".