Comissão Europeia revê em baixa crescimento económico em 2023-2024

Comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, apresentou as previsões de outono
Comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, apresentou as previsões de outono Direitos de autor Virginia Mayo/Copyright 2023 The AP. All rights reserved
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De  Isabel Marques da Silva com Lusa
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A Comissão Europeia reviu em baixa as previsões de crescimento económico para este ano e para o próximo, na chamadas previsões de outono, quarta-feira, em Bruxelas. O executivo comunitário admite que a economia "perdeu ímpeto" e Portugal é um dos dez países onde as quebras se acentuam.

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Um longo período de inflação pesa sobre os gastos dos consumidores e as taxas de juro mais elevadas do Banco Central Europeu impedem a contratação de empréstimos para compras e investimentos, o que explica a quebra no crescimento económico.

"A economia europeia perdeu dinamismo este ano, num contexto de elevado custo de vida, fraca procura externa e restrições monetárias. Embora se espere que a atividade económica recupere gradualmente no futuro, as previsões de outono da Comissão Europeia revêem em baixa o crescimento do PIB da UE em comparação com as suas projeções do verão", refere o comunicado da Comissão Europeia.

As previsões apontam para um crescimento do PIB, em 2023, de 0,6 %, tanto na média dos 27 países da União Europeia (UE), como nos 20 Estados-memebros que usam o euro. É um valor 0,2 pontos percentuais abaixo das previsões do verão.

Em 2024, prevê-se que o crescimento do PIB da UE melhore para 1,3%. Trata-se ainda de uma revisão em baixa de 0,1 pontos percentuais em relação ao verão. Na zona euro, prevê-se que o crescimento do PIB seja ligeiramente inferior, situando-se em 1,2%.

A inflação continua a registar uma tendência descendente. Estima-se que tenha diminuído para 2,9% na zona euro em outubro, face ao pico de 10,6% registado há um ano. Este valor representa o seu nível mais baixo desde julho de 2021.

"Nos próximos dois anos, o consumo privado deverá ser o principal motor de crescimento, uma vez que os aumentos salariais deverão ser superiores à inflação, aumentando o poder de compra das famílias", disse o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, em conferência de imprensa.

"A robustez do mercado de trabalho também deverá contribuir para isso. A recuperação do consumo privado poderá ser ainda mais forte na ausência da elevada taxa de poupança que deverá persistir ao longo do horizonte de previsão", acrescentou Gentiloni.

Em 2025, a esperada atenuação da inflação e da contração monetária faz prever que o crescimento aumente para 1,7% na UE e 1,6% na área do euro.

Bruxelas não antecipa impactos da crise política em Portugal

Para Portugal, a Comissão Europeia prevê um crescimento do PIB de 2,2% em 2023, 1,3% em 2024 e 1,8% em 2025.

"Tomo nota do facto de que, apesar da crise que se vive em Portugal, as autoridades decidiram aprovar o orçamento antes das eleições e não creio que esta situação tenha impacto no investimento neste país", disse o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni.

O comissário admitiu "ligeiras diferenças nestas estimativas em relação às projeções das autoridades portuguesas".

"Por exemplo, para 2023, o crescimento do PIB que projetamos é idêntico ao projetado pelo Governo e ligeiramente superior à previsão do banco central português, [mas] para 2024, teríamos uma projeção ligeiramente inferior, como acontece em vários outros países", referiu Paolo Gentiloni.

Além disso, "no que diz respeito à dívida em relação ao PIB, também temos uma ligeira diferença".

"Espero que estejamos errados, porque gosto deste objetivo de descida inferior a 100% que as autoridades portuguesas tinham nos seus planos" para 2024, adiantou o comissário europeu.

A lenta recuperação da Alemanha

A guerra Ucrânia continuará a pesar na capacidade de recuperação da UE, apessar do esforço para encontrar forncedores de energia alternativos à Rússia. Os analistas estão preocupados com o chamado mortor da bloco.

"Os países que são muito mais dependentes da energia da Rússia, ou que o foram, e que têm uma economia muito intensiva em termos energéticos, são os que estão a suportar os maiores custos", explicou, à euronews, Maria Demertzis, do centro de estudos Bruegel, em Bruxelas.

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"Estou a pensar na Alemanha. A Alemanha é realmente o motor da União Europeia e se a Alemanha não estiver a crescer, então o resto da Europa também sentirá o impacto disso", acrescentou.

Pela primeira vez, as previsões abrangem a Bósnia-Herzegovina, a Moldova e a Ucrânia, três dos países que querem entrar na UE. As três economias registaram números promissores, com a ucraniana a mostrar uma resiliência notável em 2023.

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