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Habitantes da Turíngia e da Saxónia reagem à vitória da extrema-direita

Partido Alternativa para a Alemanha vence eleições regionais no Estado da Turíngia
Partido Alternativa para a Alemanha vence eleições regionais no Estado da Turíngia Direitos de autor Liv Stroud
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De  Liv Stroud
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O partido de extrema-direita alcançou um terço dos votos em dois estados da Alemanha de Leste, no domingo. Os habitantes da Turíngia e da Saxónia começam a fazer o balanço dos resultados.

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Centenas de pessoas marcharam pelas ruas de Erfurt, na noite de domingo, para celebrar a primeira vitória do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) numas eleições regionais, desde a segunda guerra mundial.

O partido venceu as eleições estatais da Turíngia e ficou em segundo lugar na Saxónia. Os habitantes da cidade de Erfurt, que pertence ao primeiro estado, revelaram à Euronews que encararam este voto como um “último recurso”. Segundo os mesmos, a principal motivação para votarem na AfD foi a segurança, depois dos crimes em Solingen terem dominado as notícias.  

Mesmo que a AfD não consiga formar uma coligação na Turíngia, é evidente que os outros partidos vão começar a adotar políticas mais rigorosas para tentar reconquistar os eleitores desiludidos. 

Extrema-direita cresce na Europa

O analista político da Universidade de Jena, também localizada na Turíngia, Sven Leunig disse que “esta eleição mostrou que a Alemanha se tornou, de certa forma, normal, no sentido em que os populistas de direita, que são fortes em toda a Europa, também se estão a afirmar fortemente na Alemanha. E não se trata apenas da AfD. O BSW (Aliança Sahra Wagenknecht) também tem posições populistas que são bastante semelhantes em muitos aspetos”, explicou.  

Na Turíngia, nenhum dos partidos estabelecidos conseguiu assegurar uma maioria absoluta ou mesmo uma maioria de coligação. 

A principal questão que se coloca é se a AfD pode formar uma coligação com o partido de extrema-esquerda, Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), ou com a CDU, que já excluiu a possibilidade de colaboração com um partido de extrema-direita. Também o prometeu, ontem à noite, não formar uma coligação com a AfD, liderada por Bjorn Hoecke, do Estado da Turíngia, que já foi multado por utilizar slogans nazis

“Isto significa que a CDU, como segundo partido mais forte, tem de formar uma nova aliança com Sahra Wagenknecht (BSW) e precisará também do SPD. E mesmo que estes três se juntem, o que já é invulgar, não haverá uma maioria estável, porque só têm 44 votos, mas precisam de 45”, disse Leunig. 

“Na Saxónia, a situação é um pouco diferente, mas também semelhante. A CDU tem de formar uma aliança com o BSW porque os anteriores parceiros de coligação não são suficientes”, acrescentou. 

Mas o principal problema do BSW, que foi criado no início deste ano após se ter separado do partido de esquerda Die Linke, é que tem poucos membros.  

“Se querem governar, têm de nomear ministros, e esses ministros têm de vir de algum lado. A única ideia que resta é nomear ministros não partidários. Mas mesmo assim, precisam de pessoal como secretários de Estado, entre outros. Portanto, há um grande aparelho administrativo que o BSW não tem atualmente. Há quem especule que as exigências do BSW, como a oposição ao envio de armas ou a novas armas, foram feitas para garantir que não têm de aderir à coligação”, afirmou Leunig. 

Embora a AfD não possa formar uma coligação, “a sua principal influência reside na promoção de determinados temas que diferem da posição do governo federal e que podem pressionar os partidos no poder. Mesmo a AfD, da oposição, pode criar mudanças políticas sem estar diretamente no governo. Isto é semelhante ao que acontecia com os Verdes há duas décadas. Não estiveram no governo durante quase 20 anos, mas a sua constante atenção às questões ambientais obrigou os outros partidos a adotar políticas verdes para recuperar votos. Esta é uma situação semelhante”, acrescentou. 

Os analistas políticos acreditam que as leis se vão tornar mais rigorosas, “as leis de asilo serão reforçadas e as deportações serão intensificadas. Há limites, claro, porque para a deportação, o país de acolhimento tem de concordar. Se o deportado não tiver identificação, não pode ser aceite", esclareceu Leunig, mostrando-se cético quanto à possibilidade dos populistas conseguirem gerir mais deportações, como a CDU e o SPD tentaram fazer nos últimos 16 anos. 

Quanto aos maiores perdedores das eleições de ontem à noite, Leunig refere que o Partido Democrático Liberal foi o que se saiu pior.

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