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O que sabemos sobre a situação das bases militares russas na Síria?

A fragata russa Admiral Grigorovich navega enquanto o helicóptero Kamov Ka-27 descola do seu convés de voo durante exercícios ao largo da costa de Tartus, na Síria.
A fragata russa Admiral Grigorovich navega enquanto o helicóptero Kamov Ka-27 descola do seu convés de voo durante exercícios ao largo da costa de Tartus, na Síria. Direitos de autor  AP/Russian Defense Ministry Press Service
Direitos de autor AP/Russian Defense Ministry Press Service
De Mared Gwyn Jones
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A agência de informação militar da Ucrânia afirma que a Rússia está a retirar-se das suas bases na Síria. Moscovo refutou as afirmações.

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O futuro das preciosas bases aéreas e navais da Rússia em território sírio está em jogo após a dramática destituição do presidente Bashar al-Assad, aliado do Kremlin.

A Rússia tem duas bases militares na Síria: a base naval de Tartus, na costa mediterrânica, e a base aérea de Khmeimim, perto da cidade portuária de Latakia. São consideradas um dos postos militares mais importantes do Kremlin em termos estratégicos.

A base de Tartus é particularmente importante, uma vez que proporciona à Rússia o único acesso direto ao mar Mediterrâneo e uma base para realizar exercícios navais, estacionar navios de guerra e até acolher submarinos nucleares.

Mas, segundo a agência noticiosa russa TASS, os rebeldes sírios já tomaram o controlo total da província de Latakia, onde se situam as duas bases.

O Kremlin afirma que está a tomar medidas para "estabelecer contactos na Síria com aqueles que são capazes de garantir a segurança das bases militares", de acordo com o porta-voz Dmitry Peskov.

Os meios de comunicação social russos também afirmaram que Moscovo garantiu a manutenção das bases como parte de um acordo, no âmbito do qual ofereceu refúgio na Rússia a Bashar al-Assad e à sua família.

Os locais das bases russas de Khmeimim e Tartus, na Síria
Os locais das bases russas de Khmeimim e Tartus, na Síria Euronews 2024

A Rússia está a retirar ativos militares?

Mas tem havido uma série de relatos, incluindo de bloggers militares russos, que sugerem que a Rússia está a retirar-se das suas bases.

De acordo com os serviços secretos ucranianos, a Rússia está a retirar armamento, equipamento militar e as tropas das suas bases sírias.

"Para se retirarem da Síria, os russos enviaram uma caravana de aviões de transporte militar, que estão a carregar as restantes tropas, armas e equipamento militar", afirmou a agência de informação militar ucraniana (HUR), em comunicado.

De acordo com a Reuters, imagens de satélite da base russa de Tartus sugerem que pelo menos três navios de guerra deixaram o porto e ancoraram no mar a cerca de 13 quilómetros da costa.

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), um grupo de reflexão sediado nos Estados Unidos, citou uma alegação do analista MT Anderson, que deu conta de que grande parte da frota russa abandonou o porto e está agora ancorada a 8 quilómetros do mar.

"Imagens de satélite tiradas a 9 de dezembro também mostram que os navios russos - provavelmente a fragata da classe Gorskhov 'Admiral Gorshkov', a fragata da classe Grigorovich 'Admiral Grigorovich', o submarino da classe Kilo 'Novorossiysk' e o petroleiro da classe Kaliningradneft 'Vyazma' - estão num compasso de espera no ancoradouro, a cerca de oito quilómetros a oeste do porto", revelou o ISW.

À data da publicação deste artigo, a Euronews não conseguiu verificar de forma independente estas afirmações.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, garantiu que os navios de guerra russos permaneceriam na sua base em Tartus.

O que é que uma retirada forçada significaria para o Kremlin?

A perda da presença militar na Síria seria um grande revés para a Rússia.

Geográfica e estrategicamente, é um local crítico para Moscovo transitar meios militares para os países africanos onde conduz operações.

O ISW adverte que a perda das bases russas na Síria "irá provavelmente perturbar a logística russa, os esforços de reabastecimento e as rotações do [grupo paramilitar] Corpo Africano, enfraquecendo particularmente as operações e a projeção de poder da Rússia na Líbia e na África Subsariana".

A rápida queda do regime de al-Assad já foi um golpe para a Rússia e para as suas ambições de expandir a sua influência no Médio Oriente.

A velocidade relâmpago com que os rebeldes tomaram Damasco foi parcialmente atribuída à ausência do apoio constante do Kremlin, que se concentra na guerra na Ucrânia.

"A queda do regime foi muito mais rápida e menos sangrenta do que alguém poderia imaginar - especialmente tendo em conta a crença de que a Rússia e o Irão continuariam a apoiar Assad. O esvaziamento do regime acabou por deixá-lo incapaz de resistir ao avanço dos rebeldes", segundo Julien Barnes-Dacey, do Conselho Europeu das Relações Externas.

Mas os meios de comunicação social estatais russos, citando fontes do Kremlin, afirmam que o regime de Moscovo pretende envolver-se com os rebeldes durante a transição de poder, com o objetivo final de salvaguardar as suas bases militares em território sírio.

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