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Fabricantes de componentes portugueses preocupados com impacto da crise na indústria automóvel

Presidente da AFIA antevê quebra de até 5% nas exportações de componentes
Presidente da AFIA antevê quebra de até 5% nas exportações de componentes Direitos de autor  Jens Meyer/Copyright 2020 The AP. All rights reserved.
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De Joana Mourão Carvalho
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Presidente da AFIA prevê que exportações de componentes em novembro e dezembro caiam entre 4,5% e 5%.

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Há fábricas a fechar na Alemanha e na Bélgica, planos de cortes de postos de trabalho nas grandes construtoras e demissões de gestores como foi o caso do CEO da Stelantis, o português Carlos Tavares.

Depois de uma derrapagem durante a pandemia, a indústria automóvel europeia volta a estar em maus lençóis. Dificuldades na transição para a mobilidade elétrica, o aumento da concorrência chinesa e quebras nas vendas ajudam a explicar este cenário. E a indústria portuguesa não deverá escapar ilesa, tendo em conta que 98% dos carros em circulação na Europa têm pelo menos um componente fabricado em Portugal.

"Qualquer situação de menor procura ou até de recessão no mercado automóvel, naturalmente, que os fornecedores de componentes têm aqui também uma retração naquilo que é a procura das suas empresas. E isso é um aspeto e Portugal tem uma indústria de componentes muito significativa e fortemente exportadora para a Europa", refere Helder Pedro, secretário-geral da ACAP - Associação Automóvel de Portugal, em declarações à Euronews.

O impacto será sentido sobretudo pelos fabricantes de componentes para automóveis, representados em Portugal pela Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).

É um universo de cerca de 350 empresas, mas com relevância económica: emprega 64 mil pessoas e faturou mais de 14 mil milhões de euros em 2023.

Após dois meses consecutivos de variações negativas, em outubro, as exportações de componentes automóveis portugueses registaram um aumento de 2,6% em comparação com o mesmo período do ano anterior, mas não se antecipa um fecho de contas positivo este ano.

"Haverá em novembro e dezembro uma queda nas exportações e, portanto, haverá uma baixa da nossa atividade. O que significa que poderíamos estar no máximo numa queda entre 4,5% e 5%.  Numa visão mais otimista, enfim, poderemos estar nos 4%, o que era bastante bom, tendo em conta a conjuntura e o panorama na Europa", antevê o presidente da AFIA, José Couto, em declarações à Euronews.

O presidente do Conselho de Administração da empresa Microplásticos, uma fábrica de componentes, também acredita que será impossível manter os mais de 60 mil postos de trabalho.

"Terá de haver um reajustamento, isto é, a procura está a diminuir claramente em termos europeus. Mesmo que se encontrem outros mercados, vai haver sempre uma perda de capacidade produtiva", admite.

Vendas ainda não abrandaram em Portugal

Para já, o mercado automóvel em Portugal ainda não travou a fundo, com um crescimento de cerca 4% face ao ano anterior, apesar de ainda não ter recuperado para os níveis de venda pré-pandemia.

No entanto, a União Europeia quer acabar com a produção de carros a combustão até 2035 e as vendas dos elétricos ainda esbarram nos custos de aquisição e numa infraestrutura de carregamento ainda aquém das necessidades.

É um "quadro regulatório demasiado severo, comparativamente com os nossos concorrentes" de outros países, como EUA ou China, critica José Couto, argumentando que "a diferença entre a pegada carbónica dos construtores europeus e a de construtores de outras longitudese latitudes leva a uma concorrência desleal".

Para o presidente da AFIA, a Europa tem de reagir e apostar na formação para responder aos desafios da electrificação e competir com uma China "que está hoje à nossa frente em termos de tecnologia para os veículos elétricos".

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