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Líder da oposição húngara acusa o Governo de não ser pacifista

Conselho de Defesa da Hungria, 20 de novembro de 2024.
Conselho de Defesa da Hungria, 20 de novembro de 2024. Direitos de autor  MTI
Direitos de autor MTI
De Euronews / FT
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Péter Magyar publicou uma gravação de áudio do ministro da Defesa, Kristóf Szalay-Bobrovniczky.

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Na quarta-feira, o líder da oposição da Hungria Péter Magyar anunciou no Facebook que, na quinta-feira de manhã, iam ser divulgadas provas que iam tornar claro que "Viktor Orbán e a sua partido têm mentido nos últimos anos. Mentiram de manhã, à tarde e à noite. Mentiram em todas as frequências".

Na manhã desta-quinta, o partido Tisza (Respeito e Liberdade) publicou uma gravação de áudio no Facebook:

"O Governo de Viktor Orbán é um Governo de mentiras e de guerra. Acabou. Têm de sair. O Governo de Orbán mente aos húngaros sobre a paz, mas eles querem levar o nosso maravilhoso país para a guerra. Há anos que o Governo de Orbán fala em proteger o povo húngaro, mas são eles que estão dispostos a sacrificar a segurança dos próprios compatriotas por dinheiro e poder. Isto não é um erro político. Trata-se de um crime. É um crime para o qual não há perdão e para o qual não vai haver perdão".

A gravação tem pouco mais de um minuto e a publicação diz que foi feita em abril de 2023 (um ano e dois meses após o início da guerra na Ucrânia). Mostra o ministro da Defesa de Orbán, Kristóf Szalay-Bobrovniczky, a falar.

"O quinto Governo de Orbán decidiu construir uma força verdadeiramente eficaz e pronta para o combate, para romper com as nossas atividades de paz anteriores", diz Kristóf Szalay-Bobrovniczky, acrescentando que "como resultado de um processo, estamos a romper com a mentalidade da paz". Ainda segundo o ministro da Defesa, esta rutura está também na origem do processo "conhecido do público como rejuvenescimento", porque era simplesmente "a forma mais fácil" de mudar de direção.

"Estamos a romper com a mentalidade de paz e a passar à fase zero do caminho para a guerra", afirmou.

A mudança foi pedida pelo ministro da Defesa ao tenente-general Gábor Böröndi, que foi nomeado chefe das Forças Armadas em maio de 2023, depois de a então presidente da República, Katalin Novák, ter demitido inesperadamente Romulus Ruszin-Szendi, que trabalhava como especialista para o partido Tisza, liderado por Péter Magyar, desde fevereiro.

"A pessoa certa tem de estar no lugar certo", disse Kristóf Szalay-Bobrovniczky, ao explicar a decisão à Subcomissão da Defesa e de Segurança do Parlamento Europeu. O ministro da Defesa disse, na altura, que Romulus Ruszin-Szendi tinha desempenhado principalmente funções de combate e que a prolongada guerra russo-ucraniana exigia conhecimentos ao nível operacional. Por esta razão, propôs Gábor Böröndi para novo chefe do Estado-Maior, sob cuja liderança acreditava que as Forças de Defesa húngaras se poderiam adaptar à prolongada situação de guerra e construir um exército mais preparado para o combate, bem equipado e com uma nova cultura.

Ministro da Defesa reagiu à gravação

"Estou a construir um exército pronto e capaz de defender a Hungria com armas! Porque a paz requer força", reagiu o ministro da Defesa, Kristóf Szalay-Bobrovniczky, na sua página do Facebook ao vídeo publicado por Péter Magyar.

A frase "A paz requer força" pode (também) ser atribuída a Viktor Orbán, que disse a mesma coisa em Zalaegerszeg, na cerimónia de inauguração da fábrica Rheinmetall Hungria em agosto de 2023.

Orbán disse na altura que o Governo não tinha desistido do plano de construir uma indústria de defesa independente. Acrescentou que podia parecer que estavam a correr atrás dos acontecimentos ao instalar esta fábrica em tempo de guerra, mas não era o caso, porque a decisão sobre a fábrica foi tomada em 2020, dois anos antes da guerra russo-ucraniana.

"Tudo o que se vê aqui aconteceu antes de os outros perceberem que era necessário", disse o primeiro-ministro húngaro na altura.

Gergely Gulyás: "Isto é um disparate"

Na conferência de imprensa do Conselho de Ministros de quinta-feira, a revista HVG questionou o chefe de gabinete do primeiro-ministro, o ministro Gergely Gulyás, sobre a gravação áudio de Péter Magyar. Este respondeu que era "um disparate" e que não havia qualquer caso para falar.

Governo a favor da paz

As palavras do ministro da Defesa são surpreendentes porque, na Hungria, os membros do Governo de Orbán e o próprio Viktor Orbán são frequentemente ouvidos a dizer que o Governo húngaro é a favor da paz, enquanto a União Europeia é a favor da guerra, tal como o antigo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Orbán visitou o presidente russo, Vladimir Putin, no ano passado, no que apelidou de "missão de paz", com quem as relações parecem ser íntimas. Mas com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, as relações são mais frias.

O primeiro-ministro húngaro considera que apenas ele próprio e o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, são os chefes de Governo pró-paz da União Europeia. Isto apesar de terem sido os dois únicos a visitar Putin em Moscovo. Orbán não vai, mas Fico está presente, a 9 de maio, no Dia da Vitória em Moscovo.

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