Europa prepara-se para recuperar acesso direto ao espaço com o lançamento do Ariane 6 previsto para este verão, após quatro anos de atraso.
A Europa parece estar pronta a recuperar o seu acesso direto ao espaço. Está em curso a montagem final do novo foguetão Ariane 6 antes do voo inaugural, previsto para o verão deste ano.
O núcleo central e os dois propulsores do primeiro modelo de voo do Ariane 6, uma versão do Ariane 62, foram transferidos e instalados na plataforma de lançamento em Kourou, na Guiana Francesa, nos dias 24, 25 e 26 de abril.
"Não estou relaxado. Estou extremamente entusiasmado porque este é o fruto de, mais ou menos, dez anos de trabalho", afirma Jens Franzeck, diretor-geral do grupo Ariane.
"Sentimo-nos num clima histórico e, para a Europa, é mais entusiasmo e orgulho porque é a primeira vez que vamos ver o núcleo central de um Ariane 6 que vai voar.", acrescentou.
O Ariane 6 deveria ter substituído o seu antecessor em 2020, mas o projeto sofreu atrasos.
Sem veículo próprio de lançamento, o setor espacial europeu recorreu a empresas externas como a SpaceX.
Alguns consideraram a falta de acesso direto ao espaço como uma crise europeia.
"É verdade que, desde o último lançamento do Ariane 5, em julho do ano passado, não temos tido os nossos próprios meios de acesso ao espaço. Houve uma guerra. Infelizmente, ninguém estava à espera. E de um dia para o outro, a Soyuz deixou de estar cá." refere Lucia Linares, diretora de Estratégia e Lançamentos Institucionais da Agência Espacial Europeia.
"O Ariane 6 é uma questão importante para a Europa porque vai servir todas as necessidades; desde as necessidades institucionais de defesa, telecomunicações, satélites científicos até às necessidades comerciais da Europa e, claro, mais além.", explica.
Tão alto como o primeiro andar da Torre Eiffel, o novo foguetão é alimentado por uma mistura de oxigénio líquido e hidrogénio.
O Ariane 6 será lançado até 12 vezes por ano para transportar satélites, com o objetivo de se tornar suficientemente competitivo para enfrentar gigantes do mercado como a SpaceX.
Há também esperança de queum dia venha a transportar astronautas europeus em missões tripuladas a partir do território da União Europeia.
"Trata-se, antes de mais, de uma ambição política. Cabe aos Estados europeus decidirem se querem adquirir esta capacidade. Por isso, só podemos dizer que estamos prontos a contribuir.", nota Frank Huiban, diretor de Programas Civis do grupo Ariane.