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A criação do "28.º Estado virtual" pode levar o ecossistema das startups a outro patamar?

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De Ema Gil Pires
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Um novo relatório, apresentado pela Startup Portugal durante a Web Summit, em Lisboa, mostra que o ecossistema português das startups atingiu "uma nova fase de maturidade". As entidades que promovem o setor acreditam que a introdução de um "28.º regime europeu" poderá ajudar a fomentar a inovação.

A Startup Portugal, uma das entidades responsáveis por impulsionar o ecossistema empreendedor do país, aproveitou a Web Summit 2025, em Lisboa, para apresentar o seu mais recente mapeamento sobre o ecossistema das startups em Portugal. Uma das principais conclusões prende-se com o facto de existirem mais de cinco mil startups ativas em território nacional, valor que fica acima da meta definida no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

No relatório “Portugal’s Startup Ecosystem 2025: From Growth to Consolidation”, concebido em parceria com a consultora Informa D&B, aponta-se que o número de startups ativas no país aumentou 8% face a 2024, para 5.091.

Contas feitas, o volume de negócios total do setor ascendeu a 2.856 milhões de euros, o que representa, por sua vez, uma subida de 9%. Isto numa altura em que este ecossistema é já responsável por 1,5% das exportações nacionais, ou seja, um total de 1.571 milhões de euros. E num momento em que o mesmo representa, aproximadamente, 1% do PIB (Produto Interno Bruto) português.

Outro indicador digno de destaque, no âmbito desta análise, prende-se com a força de trabalho relacionada com o universo das startups. Neste momento, 28 mil pessoas estão empregadas no setor, o que equivale a um crescimento de 8% face ao ano passado.

O "28.º regime europeu": uma estratégia para fomentar a inovação?

Em entrevista à Euronews, Alexandre Santos, o presidente da Startup Portugal, indicou que existem ainda, no entanto, algumas lacunas que devem ser ultrapassadas para estimular ainda mais a dinâmica do setor.

"A burocracia é uma delas, a outra é que não somos verdadeiramente um mercado único." Assim, elaborou o responsável, a Startup Portugal é uma das apoiantes do "28.º regime europeu", uma das medidas previstas na Estratégia Europeia para as Empresas em Fase de Arranque e as Empresas em Fase de Expansão, lançada pela Comissão Europeia em maio deste ano.

Um regime que, detalhou Alexandre Santos, prevê o estabelecimento de um "28.º Estado, que é um Estado virtual", de modo a permitir a uma startup “operar em todos os países da União Europeia” independentemente de onde fosse criada. Pensado tendo em vista o estímulo da "ambição e da inovação", através de um enquadramento voluntário que harmonizaria regras societárias, fiscais e laborais para facilitar a criação e operação de startups em toda a União Europeia.

De que forma? Segundo a proposta enviada pela Comissão Europeia ao Parlamento Europeu e ao Conselho da União Europeia, este seria "baseado em soluções que, por defeito, seriam digitais", de modo a ajudar "as empresas a superar os obstáculos à sua criação e funcionamento em todo o mercado único", através de uma simplificação das regras que se impõem ao setor.

A ideia passaria ainda por explorar a possibilidade de permitir que as empresas se estabeleçam na Europa mais rapidamente, idealmente no prazo de 48 horas.

Na ótica de Alexandre Santos, da Startup Portugal, tal poderia ter um impacto positivo ao nível do investimento: "Temos vários investidores, a nível europeu, que investem muito nos seus países locais e investem pouco noutros países. E, com este '28.º regime', nós poderíamos ter empresas que verdadeiramente não teriam nacionalidade, quer dizer, teriam a nacionalidade europeia. O dinheiro que existe dos vários investidores, em qualquer país da Europa, pode, assim, ir mais facilmente para essas empresas."

Também Gil Azevedo, diretor-executivo da Unicorn Factory Lisboa, plataforma de inovação que se propõe a dinamizar o ecossistema na capital portuguesa, defendeu que esta seria uma boa aposta. Na sua perspetiva, este regime traria "a capacidade de criarmos uma regulação pan-europeia que permita às startups [...] inovar dentro da Europa."

Por todas estas razões, considerou que este seria "um regime criativo para, de uma forma rápida, dar resposta àqueles que são os desafios da Europa", numa altura em que o continente, elaborou, perdeu, de certo modo, "o comboio da inovação". Ou seja, é "um consumidor de inovação de outras geografias, mas não é tanto um produtor de inovação para as outras geografias".

Unicorn Factory Lisboa: 50% das novas empresas "são internacionais"

O diretor-executivo da Unicorn Factory Lisboa detalhou ainda, em entrevista à Euronews, que só no ano passado aderiram aos programas de empreendedorismo promovidos por esta iniciativa "250 novas startups, das quais 50% são internacionais".

Isto numa altura em que a capital portuguesa se prepara para receber aquele que será o 17.º unicórnio a estabelecer-se na cidade: a norte-americana Upwork, que irá fixar em Portugal aquele que será o seu primeiro hub fora dos Estados Unidos. O anúncio foi feito, em conferência de imprensa durante esta edição da Web Summit, pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e pela CEO e presidente da Upwork, Hayden Brown.

Sobre as principais áreas de atuação destas empresas que escolhem Lisboa para desenvolver a sua atividade, Gil Azevedo indicou que a inteligência artificial lidera a lista. "Hoje em dia, quase já não é opção. Uma startup e um unicórnio têm que ter a inteligência artificial no seu modelo de negócio".

No entanto, descreveu que existem "vários outros setores a terem também um peso relevante", como é o caso das fintech, na área financeira, mas também as que operam nos setores da saúde e da sustentabilidade, bem como as que se focam no desenvolvimento de "soluções que tornam as empresas mais eficientes ou mais eficazes".

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