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Sánchez insta a UE a "reconsiderar" os direitos aduaneiros sobre os automóveis elétricos chineses

Pedro Sánchez apelou à Comissão Europeia para que "reconsidere" as tarifas aplicadas aos automóveis eléctricos fabricados na China.
Pedro Sánchez apelou à Comissão Europeia para que "reconsidere" as tarifas aplicadas aos automóveis eléctricos fabricados na China. Direitos de autor European Union, 2023.
Direitos de autor European Union, 2023.
De  Jorge Liboreiro
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Artigo publicado originalmente em inglês

"Não precisamos de outra guerra, neste caso, uma guerra comercial. Precisamos de construir pontes entre a UE e a China", afirmou Pedro Sánchez em Xangai.

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O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, apelou abertamente à Comissão Europeia, e aos outros 26 Estados-membros da União Europeia, para que "reconsiderem" as tarifas de importação propostas para os veículos elétricos fabricados na China.

Estas declarações de Sánchez foram feitas na sua última paragem, na sua visita à China, e expõe assim fissuras políticas antes de uma votação que poderá transformar as tarifas em algo fixo durante pelo menos cinco anos.

"Temos de reconsiderar a posição de todos nós, não só dos Estados-Membros mas também da Comissão, relativamente a este movimento", afirmou o primeiro-ministro espanhol em Xangai.

"Como disse anteriormente, não precisamos de outra guerra, neste caso, uma guerra comercial. Precisamos de construir pontes entre a União Europeia e a China", acrescentou.

"Vamos tentar encontrar uma solução, um compromisso, entre a China e a Comissão Europeia. Se me perguntarem, responderei que estamos a reconsiderar a nossa posição", rematou.

A declaração representa uma reviravolta significativa para a Espanha, que apoia frequentemente a linha de ação da Comissão.

O país votou a favor da tarifa durante uma consulta não vinculativa em julho e esperava-se que mantivesse essa posição positiva na próxima votação, que deverá ter lugar antes de novembro.

Os direitos aduaneiros destinam-se a compensar as subvenções concedidas pelas autoridades de Pequim a este setor lucrativo, que conduzem a custos artificialmente baixos.

Após uma investigação de meses, a Comissão constatou que o dinheiro público se espalha por toda a cadeia de abastecimento, colocando os concorrentes europeus em risco de sofrer perdas económicas insustentáveis.

Consequentemente, Bruxelas propôs direitos adicionais, que variam entre 7,8% e 35,3%, consoante a marca e o seu nível de cooperação com a investigação, que viriam juntar-se à atual taxa de 10%. Este acréscimo, segundo o raciocínio, garantiria uma concorrência mais justa no mercado.

Mas, para Sánchez, esta pode não ser a melhor abordagem, sobretudo se desencadear medidas de retaliaçãocontra os produtos de carne de porco, um setor muito valioso e delicado para Espanha.

A votação está a tornar-se um teste decisivo à vontade da UE de enfrentar as práticas comerciais desleais da China, um ponto de fricção de longa data.

A França e a Itália são vistas como defensoras dos direitos aduaneiros adicionais, enquanto a Hungria lidera a oposição.

A Alemanha está sob intensa pressão da indústria local para fazer descarrilar a medida, mas a coligação no poder ainda não se decidiu. Será necessária uma maioria qualificada para suspender os direitos.

A China tem sido acusada de adotar uma estratégia "de divisão e conquista" para dividir os Estados-Membros, colocá-los uns contra os outros e impedir decisões coletivas que seriam prejudiciais aos interesses de Pequim.

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Alcançar a liderança mundial no setor dos veículos eléctricos é considerado uma das principais prioridades do Partido Comunista, um objetivo político que, segundo Bruxelas, alimenta as generosas injeções financeiras na produção nacional.

A Comissão Europeia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as palavras de Sánchez.

A carne de porco no meio do fogo cruzado

Durante a conferência de imprensa, Sánchez afirmou que a Espanha e a China têm mais pontos de acordo do que de desacordo e sublinhou a necessidade de manter o diálogo ao "mais alto nível". Reconheceu que as relações bilaterais têm de ser "reequilibradas" devido ao défice comercial entre a UE e a China, uma preocupação partilhada por outros países.

O primeiro-ministro insistiu repetidamente no seu desejo de desempenhar um "papel construtivo" entre Bruxelas e Pequim e na sua esperança que se chegue a um "compromisso", embora não tenha especificado a forma que essa solução deverá assumir.

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Questionado sobre a perspetiva de retaliação contra o setor da carne de porco, Sánchez disse que as duas questões não devem estar interligadas.

O Ministério do Comércio da China lançou em junho uma "investigação antidumping" sobre as importações de "carne de porco e subprodutos de porco relevantes" provenientes da UE, poucos dias depois de a Comissão ter apresentado a sua primeira proposta de direitos aduaneiros.

A ação do ministério poderá abrir caminho a restrições comerciais. A Espanha, os Países Baixos, a Dinamarca, a Alemanha e a Bélgica são considerados os países mais vulneráveis a estas represálias.

"Manifestámos a nossa surpresa pelo facto de estas negociações comerciais se terem confundido com potenciais sanções contra um sector que nada tem a ver com o sector automóvel", afirmou Sánchez a propósito do seu encontro com o presidente Xi Jinping.

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"Penso que a população chinesa e o governo chinês estão muito conscientes do valor do sector da carne de porco", acrescentou. "O sector da carne de porco pode ter a garantia de que o Governo espanhol defenderá os seus interesses".

As exportações europeias de brandy também estão sob o escrutínio de Pequim, com direitos provisórios suspensos em antecipação da votação final da UE sobre os veículos elétricos.

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