Com dois parlamentos rivais, o país está mergulhado no caos, ao qual se juntaram, recentemente, os ataques do grupo Estado Islâmico
Nos próximos dias vamos discutir dois aspetos que são mais urgentes: o governo de unidade nacional e as questões de segurança - Bernardino Leon, representante especial da ONU
Segundo dia de negociações, em Marrocos, para pôr fim à crise na Líbia. Sob os auspícios da ONU, os membros dos dois parlamentos rivais participam em discussões indiretas.
De um lado, numa sala, o Congresso Geral Nacional, o parlamento cessante, reabilitado pelo autoproclamado governo de Tripoli. Do outro, noutra sala, os membros do parlamento internacionalmente reconhecido, sediado em Tobrouk desde que a capital foi tomada pelas milícias da “Aurora Líbia”.
Como intermediário, o representante especial da ONU. Deste início de negociações, Bernardino Leon faz um primeiro ponto da situação: “Tive a oportunidade de me encontrar com ambas as partes e de ver que há boa vontade, um bom estado de espírito. E nos próximos dias vamos discutir dois aspetos que são mais urgentes: o governo de unidade nacional e as questões de segurança.”
A segurança prende-se com o fim dos combates. O objetivo é criar um ambiente propício à designação de um governo de unidade nacional, abrindo o caminho a uma nova constituição.
As discussões coincidiram com um novo bombardeamento do exército sobre o aeroporto de Tripoli, controlado pela “Aurora Líbia”.
Mergulhada no caos desde a queda do coronel Muamar Kadhafi, em 2011, a Líbia é, atualmente, palco de uma guerra não só entre as forças pró-governamentais e as milícias mas também entre as diferentes milícias. Nas últimas semanas, o país tem sido igualmente alvo de uma série de ataques reivindicados ou atribuídos ao grupo jihadista Estado islâmico, que já controla largos territórios na Síria e no Iraque.
A primeira vez que os dois parlamentos rivais participaram em negociações, tal como estas, indiretas, foi a 11 de fevereiro, em Ghadamès, no sul da Líbia.
Esta ronda negocial, na estância balnear marroquina de Skhirat, deverá decorrer até ao final do mês.