A morte em direto e a estupefação nos Estados Unidos

A seguir à estupefação, veio o silêncio e o luto. Dezenas de pessoas revezam-se em homenagens espontâneas às portas da televisão americana para a qual trabalhavam os jornalistas abatidos a tiro em direto.
Foi algo que nos atingiu em casa.
Um jovem habitante de Roanoke, na Virginia, onde tudo se passou, dizia-nos que “ninguém espera que uma coisa assim possa acontecer – um tiroteio no meio desta comunidade. Foi algo que nos atingiu em casa. Mesmo sem conhecer Alison pessoalmente, costumávamos vê-la na televisão e ela animava as nossas manhãs.”
O antigo jornalista Vester Flanagan considerava Alison Parker racista e acusava Adam Ward de ter contribuído para o seu despedimento. Ambos podem ser vistos segundos antes de serem mortos, num vídeo aterrador feito pelo próprio Flanagan. Sabe-se que o seu comportamento agressivo levou-o a ser afastado anteriormente de uma outra estação na Flórida. Ele alegava sempre discriminação racial e homofobia, mas sem efeito.
Jeffrey Marks, o presidente da televisão WDBJ, revela que teve de despedir Flanagan em 2013. “Surgiram alguns problemas, falámos com as autoridades. Aliás, a polícia escoltou-o até à saída do edifício. Mas isso foi há dois anos. Na altura, foram tomadas todas as medidas que se julgavam necessárias”, afirma.
Após o tiroteio, Flanagan conduziu um carro alugado ao longo de centenas de quilómetros. Despistou-se depois de a polícia o tentar intercetar. Foi encontrado dentro do veículo vítima dos próprios disparos que acabaram por lhe tirar a vida.