NATO pressiona Rússia por violação do espaço aéreo turco

NATO pressiona Rússia por violação do espaço aéreo turco
De  Francisco Marques  com Reuters

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla inglesa) juntou-se esta segunda-feira à Turquia nos avisos à Rússia pela violação do

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla inglesa) juntou-se esta segunda-feira à Turquia nos avisos à Rússia pela violação do espaço aéreo turco no passado fim de semana. Após uma reunião de emergência do Conselho do Atlântico norte, Jens Stoltenberg, o secretário-geral da NATO, revelou “profunda preocupação” pelas iniciativas militares russas na Síria.

Sobre a invasão do espaço aéreo turco, que terá ocorrido por duas vezes durante o fim de semana, Stoltenberg defendeu que “as ações da Rússia não contribuem para a segurança e a estabilidade da região” e, por isso, apelou “à Rússia para respeitar o espaço aéreo dos membros da NATO e que evite o agravar da tensão com a Aliança.”

“A segurança da Aliança é indivisível e os Aliados permanecem fortemente solidários com a Turquia. Continuaremos a seguir os desenvolvimentos nas fronteiras a sudeste da NATO com muita atenção”, lê-se, entretanto, num comunicado divulgado pela organização.

Numa mensagem mais abrangente, a NATO sublinha a insistência de que “a Rússia tome os passos necessários para alinhar as suas ações às da comunidade internacional na luta contra o grupo Estado Islâmico (EI ou, na sigla inglesa, ISIL).”

Stoltenberg acusou ainda Moscovo pelas vítimas civis que os ataques aéreos russos provocaram nas províncias de Idlib, no norte da Síria, e de Homs, considerando que esses raides “não visaram o ‘Daesh’ (nome árabe do grupo Estado Islâmico)”. O responsável da NATO instou a Rússia “a parar imediatamente os ataques contra civis e os opositores sírios (ao regime de Bashar al-Assad)”, focando as suas iniciativas militares apenas nos “jihadistas”.

A invasão do espaço aéreo turco terá ocorrido por duas vezes no fim de semana. No sábado, “ao concluir um voo de combate e durante uma manobra sobre uma zona de montanha, um avião russo SU-30 penetrou por um curto espaço de tempo, por alguns segundos, no espaço aéreo turco”, adiantou à agência russa Interfax Igor Konashenkov, o porta-voz do Ministério da Defesa para a operação militar russa na Síria, alegando questões climatéricas na base do “erro”. No domingo, terá sido um caça MIG-29, que terá alegadamente inclusive provocado dois F-16 turcos ao mantê-los bloqueados no radar por mais de 5 minutos.

O ministro turco dos Negócios Estrangeiros convocou o embaixador russo, com quem protestou pelos incidentes. Feridun Sinirlioğlu terá conversado também com o homólogo russo. Sergei Lavrov já falou esta segunda-feira, em público, sobre a intervenção russa na Síria, mas não assumiu qualquer posição face à violação do espaço aéreo turco.

Numa conferência de imprensa após a receção em Moscovo de homólogos do Laos, Lavrov disse apenas ter escutado “comentários positivos” sobre “as decisões russas tomadas em resposta a um apelo da liderança síria”. O responsável pela diplomacia do Kremlin defendeu “o exército sírio” como “o óbvio, se não o único, grupo capaz de combater o terrorismo no seu território”, considerando “o Exército Livre da Síria”, o principal grupo de oposição ao regime de Bashar al-Assad, como “um fantasma”, admitindo ainda assim uma colaboração com este grupo “se de facto for um grupo armado pronto a combater composto por guerrilheiros sírios patrióticos da oposição.”

Lavrov insistiu que “derrubar o governo de Damasco seria uma clara violação da resolução da ONU que aprovou em 2012 o comunicado de Genebra”. O ministro russo admitiu ainda colaborar com os Estados Unidos na coordenação das futuras ações russas contra o grupo Estado Islâmico.

O primeiro-ministro turco, por seu turno, considerou “um erro” a intervenção militar russa na Síria. “Para a Rússia, que sempre se opôs a uma intervenção estrangeira na Síria e bloqueou diversas resoluções do Conselho de segurança a ONU, estar agora envolvida na Síria é tanto uma contradição como uma ação que agravou a crise”, acusou Ahmet Davutoglu.

[ Comunicado turco sobre a violação do espaço aéreo ]

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