Os curdos de Diyarbakir acolheram os resultados das eleições turcas com esperança, mas também com preocupação. Os confrontos não tardaram e a
Os curdos de Diyarbakir acolheram os resultados das eleições turcas com esperança, mas também com preocupação.
Os confrontos não tardaram e a polícia decretou o recolher obrigatório em zonas do sudeste do país.
Uma questão persiste. Como é que o HDP, o Partido Democrático dos Povos, perdeu tantos votos no espaço de poucos meses?
O Partido Democrático dos Povos, próximo do movimento curdo, foi a terceira força política nas eleições de junho. Agora, conseguiu 10,7% dos votos, o que lhe permite entrar “in extremis” no parlamento.
No espaço de cinco meses, o partido perdeu mais de dois por cento dos votos e a comunidade curda vê reduzida a capacidade de ação política.
O HDP terá sido penalizado mesmo nas regiões curdas do sudeste do país. Uma parte do eleitorado virou-se para o AKP de Erdogan, face aos acontecimentos dos últimos meses.
Tendo por cenário a guerra na Síria, o governo turco lançou uma ofensiva contra o grupo Estado Islâmico e os rebeldes curdos. O cessar-fogo entre Ancara e o PKK foi quebrado e o sudeste da Turquia está há meses à beira da guerra civil, com confrontos entre as forças da ordem e os rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Uma violência usada em termos políticos, como explica Eyup Burc, chefe de redação da IMC TV: “A violência do PKK é usada pelo AKP contra o HDP. As pessoas arrependem-se da escolha e mudam de posição, seguem quem lhes promete estabilidade política e paz. Isto fez a diferença”.
A situação agravou-se com atentados de outubro em Ancara, que fizeram uma centena de mortos. A manifestação pacifista tinha sido convocada por partidos de esquerda e pelo HDP para contestar a retoma dos confrontos entre o governo e o PKK.
A situação cimentou a posição intransigente do governo.
Andreas Gross, presidente da delegação da Assembleia parlamentar do Conselho da Europa, deixa um apelo ao presidente turco: “Erdogan tem de unificar o que foi dividido nos últimos cinco meses e peço que o faça de maneira sábia e não pela via militar como aconteceu nos últimos cinco meses”.
Apesar da derrota do HDP, muitos curdos mantêm a esperança de uma retoma do processo de paz.
O partido pró-curdo (HDP) deixa um apelo aos rebeldes e ao governo. Mas reatar o diálogo será difícil.
O PKK já disse que espera uma “escalada da guerra” e, no rescaldo da vitória, o governo realizou ataques contra posições do PKK no sudeste da Turquia e no norte do Iraque.
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