Argentina: Clara não é, afinal, a neta de Chicha Mariani

Após quase quatro décadas de procura, Maria Mariani, a avó da Praça de Maio, mantinha a esperança de reencontrar a neta, raptada, como muitas outras crianças, pelos militares da ditadura argentina, no final dos anos setenta.
Chicha Mariani está muito triste e muito magoada. Estamos mesmo preocupados pela sua saúde.
Mas, Maria Isabel Chorobik de Mariani, a criadora da Fundação das Avós da Praça de Maio nunca esperou que um dia lhe acontecesse o que acabou por acontecer.
Clara Anahí, de 39 anos, raptada em novembro 1976, foi anunciada por Mariani como a sua neta desaparecida na passada quinta-feira.
Después de tanto tiempo Chicha merecía abrazar a Clara Anahí #Nieta120pic.twitter.com/6RaFND9VLM
— Victoria Donda Perez (@vikidonda) December 24, 2015
No entanto, dois testes de ADN realizados pelo Banco Nacional de Dados Genéticos da Argentina permitiram concluir que não existe qualquer relação de parentesco entre Maria Mariani ou Chicha, como é carinhosamente conhecida na Argentina, e Clara Anahí, de 39 anos.
“Chicha Mariani está muito triste e muito magoada. Estamos mesmo preocupados pela sua saúde”, disse Carlos Ramos Padilla, o seu biógrafo.
“Estamos sempre com ela. Pediu que falassemos convosco para expressar a sua gratidão por todas as mensagens de apoio”, concluiu Ramos Padilla.
Comunicado de prensa pic.twitter.com/MwdGHLDVm9
— J.M. Ramos Padilla (@jmramospadilla) December 25, 2015
Associações de defesa dos Direitos Humanos dizem que cerca de 30 mil pessoas desapareceram, foram torturadas e assassinadas durante a ditadura argentina.
A Fundação das Avós da Praça de Maio foi fundada em 1977 para encontrar as crianças roubadas durante esse período (1976-1983).
Até agora, conseguiram encontrar 119 crianças cujos pais foram dados como desaparecidos, muitos eliminados pelas autoridades durante a ditadura.
Chicha fez saber que a sua luta continua.