O fim das hostilidades no conflito sírio foi intermediado por Estados Unidos e Rússia e implementado às "zero" horas de sãbado, 27 de fevereiro. É parte de um processo que procura colocar um ponto fin
Ao quarto dia, o cessar-fogo na Síria mantém-se frágil e em risco. Um responsável do Alto Comissariado de Negociações da oposição ao regime de Bashar al-Assad, apoiada pela Arábia Saudita, denunciou ataques das forças governamentais, em violação do fim das hostilidades acordado com intermediação da Rússia e dos Estados Unidos, e implementado às primeiras horas de sábado, 27 de fevereiro.
A França revelou também ter recebido relatórios referindo ataques contra as forças da oposição, em violação do acordo.
Ao mesmo tempo, milhares de pessoas continuam a fugir da Síria, com a crise de refugiados a assumir contornos ainda mais preocupantes na Grécia, onde milhares de migrantes estão a ficar retidos pelo estancamento do fluxo de migração não europeia nas fronteiras dos Balcãs.
FM #Steinmeier: Important to consolidate ceasefire in #Syria in order to get talks on a political solution started. pic.twitter.com/pDPCDISLDo
— GermanForeignOffice (@GermanyDiplo) 1 de março de 2016
(Steinmeier: “É importante consolidar o cessar-fogo na Síria
para se poder dar início à negociação de uma solução política.”)
Após reunião com o homólogo alemão Frank-Walter Steinmeier, em Washington, o secretário de Estado norte-americano clarificou que “os Estados Unidos consideram a crise de refugiados um problema global” e não apenas da Síria ou da Europa, para onde tem fugido boa parte dos sírios, ameaçando um colapso dos países afetados.
“O primeiro impacto foi sentido, claro, pela Jordânia, o Líbano e a Turquia. Estes países têm suportado um fardo incrível nestes mais de quatro anos de guerra”, afirmou John Kerry, reforçando que a presente crise de refugiados “não é um desafio regional”, mas sim “um teste para todos.”
Blue dot safe hubs to boost protection for families on the move in Europe –
refugees</a> <a href="https://t.co/GodxiSkGtq">https://t.co/GodxiSkGtq</a> <a href="https://t.co/DIib0kEPik">pic.twitter.com/DIib0kEPik</a></p>— UN Geneva (
UNGeneva) 1 de março de 2016
(Os pontos azuis representam centros seguros para aumentar
a proteção de famílias em migração na Europa.)
Sobre as eventuais violações do fim acordado para as hostilidades na Síria, no qual não se inclui a guerra aos grupos considerados terroristas, o responsável pela diplomacia norte-americana disse que o caso está a ser investigado “para se apurar se terá havido uma quebra do acordo ou se foi, de facto, um legítimo ataque apenas contra a Frente al-Nusra ou o ‘Daesh’.”
“Pedimos, por isso, a todas as forças envolvidas para não procurarem uma forma de serem desresponsabilizadas do fim das hostilidades, mas, sim, para ajudarem a manterem o processo em curso”, apelou ainda John Kerry.
Trucks full of humanitarian aid entering besieged town of #Moadimiyet#Syria w
SYRedCrescent</a> <a href="https://twitter.com/UN">
UN#UNHCR#UNICEFpic.twitter.com/oCe3vFGtEf— OCHA Syria (@OCHA_Syria) 29 de fevereiro de 2016
(Camiões repletos de ajuda humanitária entram na cidade sitiada de Moadimiyet.)
O fim das hostilidades na Síria implementado às “zero” horas de sábado, tem por objetivo criar as condições necessárias para o reatar das negociações de paz e permitir o acesso de ajuda humanitária às localidades cercadas pelo conflito. Daraa é um desses casos.
Neste distrito do sul da Síria, junto à fronteira com a Jordânia e o Líbano, o cessar-fogo estará a ser respeitado e, de acordo com a CCTV, alguns grupos rebeldes da oposição em Daraa terão aceitado depositar as armas e retomar o processo de paz.